Na era industrial, de nossos queridos Taylor e Fayol, uma forma muito valorizada de ser produtivo dizia respeito a trabalhar mais e mais horas, abrindo mão da qualidade de vida, da felicidade e do bem estar; isso era coisa de pessoas menos importantes na hierarquia das empresas. No século XXI, em plena era da informação, o capital humano passa ser o grande ativo das organizações e a valorização da qualidade de vida e do direito de exercer plenamente os diferentes papeis em nossas vidas foi instaurado. É claro que este é ainda um processo em transição. Não seremos hipócritas de achar que este “direito” está estabelecido para todos. Exercer esta condição é um movimento que não virá das organizações necessariamente. Passará, sem dúvida, pela decisão e disciplina de cada trabalhador que deverá gerenciar seu tempo de modo eficaz em busca da conciliação entre estes múltiplos papeis que exercemos na vida: profissional, pais, filhos, colegas, cidadãos, donos de casa, cônjuges….
Façamos um teste rápido! Lembre-se de algumas tarefas que você faz cotidianamente e que são para você extremamente “energizantes”. Ou seja, te preenchem, te trazem bem estar e nas quais, você nem percebe o tempo passar. Pensem nas tarefas exatamente opostas. Àquelas que são extremamente “esgotadoras”. Àquelas que quando você realiza, o tempo não passa, cada minuto é uma eternidade e que ao concluí-las você está extremamente exausto e até mal humorado. Pois bem, agora imagine a frequência com que você realiza cotidianamente este conjunto de tarefas, tanto as energizantes quanto as esgotadoras e você poderá ter uma maior clareza de como está sua qualidade de vida. Quando realizamos algo que nos preenche, isso nem é considerado trabalho. Mas é claro, que ninguém vive apenas a realizar as tarefas energizantes.
Desta forma, em busca do seu bem estar, compartilho contigo algumas dicas que pratico e que vejo que funcionam:
- Organize sua agenda de modo mensal para que você possa ter uma maior visão de sua produtividade e com isso distribuir os diferentes papeis e atividades por grau de prioridade e importância. Fuja do check list diário.
- Estabeleça as prioridades e faça um planejamento para ter tempo e não viver “apagando incêndios”.
- Distribua seu tempo em blocos de 2h. Este é cientificamente o tempo em que você consegue se concentrar em uma mesma atividade sem embotar seu cérebro e daí passar a não ver mais os detalhes e entrar em modo automático. A cada duas horas mude as atividades.
- Procure alternar tarefas “esgotadoras” com as “energizantes” de modo a manter o pique ao longo do dia.
- Deixe as tarefas “esgotadoras” para os momentos do dia em que seu relógio biológico é mais ativo. Por exemplo: eu rendo melhor pela manhã, então coloco aí, sempre que possível, as atividades chatinhas e mais exigentes. Ao final do dia, quando estou mais cansada, concentro as atividades mais gratificantes e energizantes. Me dão um up e me fazem sair para a segunda jornada mais bem disposta, já que sou mãe e dona de casa também.
- Não se obrigue a realizar pessoalmente ou a aprender/aprimorar as tarefas “esgotadoras”. Por mais empenhado que você seja provavelmente não passará a amar as atividades esgotadoras. Respeite seus traços de personalidade e aptidão. Isso não é conformismo, mas é não se violentar e ter autoconhecimento para saber onde estão seus limites. Eu, por mais que me empenhe não serei uma cozinheira tão boa quanto a minha mãe. Simplesmente não tenho vocação, talento. Claro que cozinho dentro das expectativas. Não passo fome e mantenho meus filhos saudáveis, mas este é o limite.
- Esforce-se e aprimore mais e mais o que é energizante para você. Aí está seu talento. Ensine, treine, compartilhe estas aptidões. É aqui que você se destaca. Não queira ser o super homem ou a super mulher. Isso é coisa de cinema!
- Compense o que é esgotador. Se possível delegue, contrate, terceirize ou coloque seu grau de desempenho nos níveis razoáveis de aceitação. Ou seja, bom o possível.
É assim que conseguimos, sem abrir mão de nossas obrigações diárias, dar leveza a nossa agenda; dar tranquilidade a nós mesmos; buscar a realização e a felicidade e cumprir com responsabilidade e louvor todos os diferentes papéis que temos na vida.
*Texto de Lucimar Delaroli, professora da Integração Escola Negócios, psicóloga, palestrante e consultora organizacional.