Mesmo sendo uma discussão antiga entre os profissionais de Recursos Humanos, a falta de retorno do resultado do processo seletivo segue como uma das principais críticas da maioria dos candidatos a uma vaga de emprego. Muitos reclamam, ainda, da falta de clareza e transparência nas informações sobre a vaga oferecida, mas nada se compara ao sentimento de desrespeito gerado por não receberem um retorno sobre a sua participação no processo.
Os profissionais de seleção parecem esquecer que o processo seletivo é uma escolha de duas partes: da organização pelo candidato mais adequado à função e também do candidato pela empresa que lhe parece mais apropriada as suas ambições de vida e carreira. E para boas decisões são necessárias informações que sejam relevantes, para ambas as partes.
Muitas vezes, o processo seletivo é o primeiro contato de profissionais com a organização, portanto, também formador de marca e imagem desta para o mercado. Processos seletivos mal conduzidos podem, a médio e longo prazo, impactar na quantidade e qualidade dos candidatos disponíveis.
O importante é, mesmo tendo um grande volume de vagas em aberto, prazo curto para recrutar, selecionar e contratar novos profissionais, manter a clareza de que estamos tratando com pessoas (e não apenas com números nas planilhas de controle de fechamento de vagas) e que estas merecem nosso respeito. Assim, todos os candidatos devem ter acesso às informações que os ajudem a decidir se a vaga oferecida é uma oportunidade desejada e, acima de tudo, todos os candidatos que não forem aprovados merecem receber o retorno sobre o resultado do processo em que investiram o seu tempo e sua dedicação.
Vale ressaltar que retorno sobre o resultado do processo seletivo não quer dizer feedback ao candidato. O feedback é essencial para o fechamento dos processos seletivos internos, ou seja, quando os candidatos já fazem parte da organização e estão buscando uma nova oportunidade nesta estrutura. Esta prática garante a credibilidade do programa, ao evidenciar os motivos pelo qual não houve a movimentação, pode e deve ser utilizada como uma ferramenta de desenvolvimento do profissional em coerência com os seus objetivos de carreira e a estratégia da organização.
No entanto, o feedback para os candidatos externos é uma prática arriscada (mesmo diante dos pedidos de esclarecimentos dos candidatos não aprovados), pois pode vir mais a prejudicar do que ajudar um profissional que está buscando novas oportunidades no mercado.
Isto porque, em um processo seletivo bem conduzido a avaliação é realizada com base na cultura da organização e nas necessidades da vaga oferecida e o quanto o candidato está adequado para supri-las. Assim, não existem respostas certas ou erradas, candidatos bons ou ruins, mas sim o candidato mais adequado para este contexto específico. Se o feedback for dado a partir das necessidades desta vaga e o candidato procurar mudar o seu comportamento poderá vir a perder a oportunidade em uma outra oferta de emprego que tivesse necessidades mais aderentes ao seu perfil.
*Texto de Patricia Pastoriza, consultora da Integração Escola de Negócios e professora de diversos cursos na área de Recursos Humanos.