Por Alexandra Olivares De Viana, consultora da Integração
Todos os nossos medos trazem, de alguma forma, sua base na sobrevivência. Aprendemos a ter medo de muitas coisas, e também herdamos boa parte de nossos medos como mecanismo biológico de sobrevivência da espécie. Nosso cérebro foi feito para nos aproximar de situações prazerosas ou recompensadoras, mas sobretudo para nos afastar de qualquer ameaça a nossa vida. Como reagimos, então, quando estamos lidando com o inesperado?
Com tudo o que estamos vivendo, senti necessidade de esboçar três caminhos ou possibilidades factíveis para lidar melhor com o que sentimos hoje, pelos perigos ou medos reais ou imaginários sobre a saúde, a economia e o futuro.
O que diz a ciência
Vou falar brevemente sobre ciência. Percebemos informações do meio ambiente por meio dos cinco sentidos e processamos esses dados no cérebro, atingindo estruturas básicas de sobrevivência como o tálamo e a amígdala.
Essas estruturas subcorticais dão o alarme. O nosso corpo passa por inúmeros e rápidos processos endócrinos e neurológicos para encarar uma situação de perigo ou estresse, como agora, em que estamos lidando com o inesperado. A partir daí estamos prestes a ter três comportamentos básicos: paralisação, luta ou fuga.
Além dessas respostas estereotipadas, algumas pessoas agem até de forma inexplicável. Confesso que, perante situações de medo ou angústia inesperada, ao invés de lutar, fugir ou ficar paralisada, eu começo a dar risada sem parar. Isso significa que nossa mente traz infinitas possibilidades e nem sempre sabemos como vamos reagir ou se conseguimos nos controlar.
Ao vivenciar emoções intensas e situações de estresse elevado, podemos afetar a qualidade de nossos processos cognitivos e emocionais. Estresse é sinônimo de cortisol, e ele é sinônimo de elevado risco de comprometer o sistema imunológico e inibir o nascimento de novos neurônios, os mensageiros do bom senso em nosso cérebro. Então, como os talentos sobrevivem emocionados e estressados, lidando com o inesperado em tempos de Covid-19? Talvez precisemos reconhecer o que estamos sentindo e procurar vivenciar momentos de recarga emocional ou prazer.
1. Liberte os sentimentos
Sentimento é algo íntimo que, ao ser nomeado, se torna uma realidade da linguagem, minimizando a possibilidade de se acumular ou potencializar em nossa mente e virar uma resposta de sobrevivência. Quem não se sentiu aliviado só de chorar ou falar perante uma situação inesperada? Seja o que for que sentimos – medo, tristeza, ansiedade, frustração, raiva –, faz sentido falar para si mesmo ou para alguém de confiança sobre esse sentimento. Acredite, é pela sua saúde mental.
2. Recarregue as energias
Muitos de nós estamos em regime de home office com crianças por perto e oportunidades de curtir as coisas simples que nos fazem “recarregar” as energias. Leia para elas, cante uma música, dance, faça uma comida que gostem, aproveite para ligar e conversar com seus familiares e amigos, inove aquele treino funcional com o apoio da internet. Esses são alguns exemplos e não uma lista exaustiva do que fazer, pois ninguém melhor do que você mesmo para fazer suas escolhas e, assim, sentir prazer ou ter a sensação de recompensa.
3. Priorize as informações
E apenas um desejo, ou cuidado final, que, como pesquisadora, quero apontar: faz-se necessária uma escolha ou priorização das informações para não gerar ainda mais ansiedade ou medo. Por isso se distraia, relaxe, evite aquilo que lhe faz mal.
Momentos como o que estamos vivendo trazem o melhor e o pior do ser humano, os vícios e virtudes. Então, em vez de cair na tentação de arrumar aquele outro drinque, decida fazer o curso online que você sempre quis.
Texto publicado originalmente no Linkedin da autora.