Mais de 1700 pessoas se candidataram a uma vaga de estagiário na área de marketing de patrocínio da Heineken, em Amsterdã, em 2013. Além das tradicionais perguntas — quais seus pontos fortes e fracos, por que você deveria ser contratado — o processo de seleção da multinacional holandesa incluiu alguns eventos inusitados. O mais impressionante acontecia ao final, quando os jovens que sonhavam fazer parte do time da cervejaria eram surpreendidos com o soar de uma sirene e tinham de deixar o prédio às pressas. Do lado de fora, bombeiros fictícios pediam ajuda para segurar uma rede de proteção que serviria para amparar um homem que ameaçava se jogar do telhado.
Todo o processo de recrutamento, que foi gravado, tornou-se um vídeo viral com milhões de visualizações (assista aqui – http://bit.ly/2IO0yr5) e se transformou em um case de utilização da gamificação pelas empresas na seleção de pessoas. “Somente o currículo não é suficiente para apontar qual o candidato mais adequado para uma vaga. Primeiro porque o profissional pode nem mesmo saber descrever bem a real dimensão de suas competências e experiências. Segundo porque, atualmente, os programas curriculares das faculdades estão muito similares”, explica Luis Zanin, head da Conquistar, desenvolvedora de jogos vivenciais e representante exclusiva no Brasil da Catalyst Teambuilding, maior rede de jogos corporativos do mundo. “A gamificação no recrutamento pode ser muito útil porque ela permite balancear a expectativa que se tem com uma contratação, diminuindo os riscos da escolha. Isso ocorre porque um jogo permite visualizar o que distingue melhor um candidato do outro, que é o comportamento. Um ponto interessante é que podemos antecipar algumas tomadas de decisão antes mesmo do ‘jogo’ começar”, complementa.
Dinâmica x Gamificação nos recrutamentos
A introdução de jogos na seleção de pessoas e nos treinamentos de profissionais vem conquistando força desde a década passada. Pode-se afirmar que a gamificação é uma evolução das dinâmicas que os recursos humanos empregavam. “Essas dinâmicas, muitas vezes realizadas ao ar livre, compreendiam ações como andar vendado, superar obstáculos ou construir um barco com pneus e bambus e colocá-lo para flutuar. O que faltava era uma conexão entre cada atividade pela qual o candidato tinha de passar”, diz Zanin. “Colocar os candidatos para fazer esse tipo de tarefa ainda tem espaço e é aí que entra a gamificação, cuja proposta parte da contextualização de todo o processo de recrutamento e da coesão entre as atividades às quais os profissionais serão submetidos”, detalha.
O head da Conquistar conta ainda que, ao contrário das dinâmicas, a gamificação vai além porque sai da simples aplicação de determinada atividade para incorporar experiências reais e situações do dia a dia das empresas. “Os jogos permitem a customização. Isso é benéfico por alguns motivos: primeiro, evita que os candidatos já saibam que tipo de atividades os esperam na hora da seleção, como acontecia no passado, e dá a possibilidade de a empresa desenvolver um jogo específico para sua estratégia ou identidade, com foco em algo que seus recrutadores realmente desejam observar. Por exemplo, dá para customizar um jogo que ajude o recrutador a escolher a pessoa mais proativa, a mais resiliente ou a que tenha mais valores compartilhados pela organização. Isso vai muito além da utilização de uma ferramenta genérica”, diz.
É aí, segundo Zanin, que a empresa consegue diminuir riscos na contratação. Diz ele: “Se o profissional tem uma carência no currículo, a empresa pode oferecer a ele um curso de pós-graduação ou uma vaga na sua universidade corporativa. Mas se ele não se comporta da maneira esperada pela organização em determinadas situações, isso dificilmente vai mudar. É preciso que essas questões estejam claras na hora da escolha do candidato e os jogos, sem dúvida, auxiliam nesse aspecto”, diz.
Uma boa história
As técnicas de como contar uma história relevante são peças-chave na gamificação. Além de ser o caminho para a construção de uma narrativa que dê sentido às atividades propostas em um processo seletivo, o storytelling permite a customização de forma a ser possível evidenciar o comportamento que se deseja. “No caso do processo seletivo da Heineken, os candidatos não sabiam que estavam sendo filmados, nem desconfiavam que muito do que estava acontecendo ali era uma encenação. Os recrutadores conseguiram ver como cada um reagiu diante daquelas situações inesperadas e puderam fazer a escolha com base nos comportamentos que melhor se conectavam com os valores da organização”, explica Zanin.
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