Jogos vivenciais como alternativa para reduzir incertezas

Na integra

*Por Luis Zanin, sócio da Conquistar, empresa do Grupo Integração Escola de Negócios

Imagine a seguinte situação: você, em um dia de calor infernal começa a desejar um sorvete. Passa em frente à padaria para comprar, mas lembra-se de ter visto dois potes de sorvete em seu congelador na noite anterior. Chega em casa, pega colher e calda de chocolate, mas ao abrir o pote se depara com um monte de feijão congelado. Quem nunca passou por isso? É uma surpresa um tanto desagradável, não?

O físico Erwin Schrodinger, em 1935, propôs um exercício mental parecido com o da situação acima, usado para mostrar o poder do observador. Este exercício ficou mundialmente famoso como o experimento do Gato de Schrodinger.  Basicamente, há muitas possibilidades de resultados para um dado acontecimento, mas somente uma estará à vista no momento em que um observador olhar para ela. No caso do sorvete, poderia haver muitas coisas dentro do pote, inclusive sorvete. Porém, ao abrir o pote, o universo escolheu uma possibilidade. No caso, infelizmente, foi feijão.

E se pudéssemos, como de brincadeira, abrir o pote várias vezes? Ver o que aconteceria a cada possibilidade? Estaríamos falando de jogos vivenciais. Eu os vejo como uma espécie de abertura controlada do pote, com a intenção de ter uma ideia melhor do que se pode esperar.

É possível inserir esses jogos no ambiente corporativo para treinar a reação dos profissionais em possíveis momentos desafiadores. Pense em seus colaborares, colegas, equipe, etc. Não se sabe como cada um agirá em determinada situação, talvez pela convivência você pode até ter uma expectativa de comportamento, mas só saberá quando a situação acontecer. Com os jogos vivenciais, posso fazê-los vivenciar uma situação antes que ela aconteça. Em um contexto menos complexo, claro, e que também não garante que a resposta seja a mesma de uma possível situação real, mas isto gerará mais elementos para melhorar a acuracidade da expectativa que você já tem.

O que proponho é que joguem, simulem, treinem. Você, líder da equipe, tente antecipar a reação e atitude dos seus colaboradores antes do momento em que a atitude certa seja crucial. Você, colaborador, faça o mesmo. Perceba qual será sua reação e fique mais preparado para quando chegar aquele momento decisivo.

Com base nesta ideia, pense em um jogo no qual, por exemplo, há diversos checkpoints espalhados pela área de um hotel e que possam, talvez, refletir algumas das metas deste ano. Imagine que para alcançar esses objetivos, uma tarefa precisa ser concluída, usando a estrutura do hotel e simulando, por exemplo, situações reais de venda. Ao final da ação, haverá a oportunidade de mapear as reações de cada participante durante o jogo e corrigir alguns pontos da estratégia que tenham sido mal interpretados.

Por meio de atividades lúdicas, os jogos vivenciais podem ser uma excelente ferramenta para ajudar você a encontrar o que quer quando abrir o pote uma próxima vez.