A construção da liderança

Na integra

Pedro Mandelli diz que o conceito de liderança como conhecemos hoje é relativamente novo no país e explica como se dá a construção da liderança

O líder corporativo, figura tão valorizada nas organizações contemporâneas, é um protagonista consideravelmente recente. No Brasil, por exemplo, a construção da liderança corporativa ocorreu ao longo dos últimos 30 anos. E essa construção veio atrelada ao desenvolvimento das organizações e às demandas priorizadas.

É certo que funções hierárquicas e atividades de comando fazem parte das estruturas das organizações desde seus primórdios. Na prática, os líderes sempre estiveram atuando. Mas quem assume seu espaço como facilitador de processos, orientador preocupado com as pessoas, preparado para ouvir, aprender, ensinar e encorajar, é fruto de transformações históricas. Essas mudanças ocorreram no país e em suas empresas, principalmente, a partir da década de 90. “O conceito de liderança como o conhecemos é algo relativamente novo no Brasil. Em alguns lugares está muito mais desenvolvido do que aqui. Claro que há outros países onde sequer encontra aplicação”, explica Pedro Mandelli. Consultor e palestrante, Mandelli concedeu entrevista ao Na Íntegra direto do Canadá, onde vive.

Essa diferenciação se dá porque cada localidade conta com dinâmicas distintas na articulação entre sociedade, empresas e governos que influenciam diretamente as relações de trabalho. Por isso, podemos dizer que o líder brasileiro conta com características específicas. Estas, de acordo com o nosso mercado, estão cada vez mais alinhadas às tendências das grandes economias globais, em um misto entre realidade local e internacional. 

 O que levar em conta na construção da liderança

Pedro Mandelli aponta algumas das características do que podemos chamar de um líder contemporâneo de qualidade. Com estruturas mais enxutas, hierarquias menos engessadas, relações mais fluídas, a característica fundamental, segundo ele, é estar orientado às pessoas. Isso significa, basicamente, ter capacidade e habilidade para reconhecer, acolher e auxiliar na superação das dificuldades dos colaboradores. Também entra nessa lista promover uma atmosfera de cooperação e respeito mútuo.

Para avançar nas expectativas e necessidades das empresas em seus mercados, é fundamental ainda manter o grupo desafiado e sonhando, gerando metas, esperanças e objetivos claros. Parte dessa motivação vem do que Mandelli chama de geração de senso de propriedade. Este é um sentimento capaz de fazer com que cada colaborador se aproprie efetivamente dos projetos, sentindo-se parte da superação de suas dificuldades e também de seus resultados. Outra habilidade imprescindível é a de encorajar a equipe, incentivando os riscos necessários ao bom desempenho, além de criar métodos e rotinas capazes de gerar segurança em relação às decisões tomadas. E por último, mas não menos importante, esse mesmo líder não pode deixar de praticar de forma constante a dualidade do ensinar-aprender em todas as suas ações. 

A construção da liderança é um processo

Essas são, obviamente, balizas gerais, e seu conjunto não constitui uma fórmula de sucesso. Vale lembrar que, para a construção da liderança da forma proposta por Mandelli, o indivíduo tem de desenvolver uma série de atributos pessoais e profissionais, caminho que pode levar anos. Ou seja, deve ter em mente que a liderança é parte de um desenvolvimento. “A capacidade de liderança tem a ver com quem você é, com o que você faz e com o momento que vive”, explica Mandelli, deixando clara a necessidade de aprimoramento para além dos muros das organizações. “Está cientificamente comprovado que dentro de cada um de nós existe um líder em potencial. A grande questão é o trabalho de desenvolvimento envolvido em fazê-lo despertar. E também o reconhecimento de que há momentos da vida pessoal e profissional mais propícios para isso”, completa o especialista.

 

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