Quando falamos em comunicação não violenta, tem quem pense se tratar da maneira como se comunica alguém que é calmo e conversa mansamente. Mas ela não se resume à entonação da fala. A comunicação não violenta é uma metodologia criada pelo psicólogo americano Marshall Bertram Rosenberg. Em sua pesquisa, ele se questionou por que algumas pessoas são violentas e outras não, e chegou à conclusão de que, na realidade, todos somos violentos
Quando dou essa explicação em algum treinamento, sempre tem alguém que diz: “é verdade, há dias em que perco a cabeça”. Nós associamos a violência a algum tipo de agressividade, seja física ou verbal, e não nos damos conta de que até mesmo a passividade pode estar ligada a ela. Por exemplo, quando alguém do nosso lado precisa de ajuda e o rejeitamos, estamos agindo de forma violenta. Pessoas que falam baixo e calmamente também podem ser violentas ao dizerem coisas que machucam o outro. Há aquelas que não falam o que gostariam, mas induzem os outros a falar, gerando fofoca ou tornando a questão ainda mais conturbada.
Passividade gera conflito
A passividade pode ser uma grande alavanca para a violência. No mundo corporativo, é comum ver pessoas passivas, que não resolvem os conflitos por medo de falar o que pensam e, assim, ficar mal com algum colega ou perder o emprego. O resultado disso é a geração de conflitos ainda maiores.
Vamos pensar num exemplo de como a passividade vira uma bola de neve para os conflitos: duas colegas de trabalho têm uma discussão e uma delas decide que não vai mais tocar no assunto porque não quer que a outra fique chateada. No dia seguinte, ela chega como se nada tivesse acontecido e cumprimenta a colega como faz todas as manhãs. Só que a questão entre elas não foi resolvida. A colega sente algo de estranho naquele cumprimento e ressente que a outra, em vez de conversar, prefira fingir que nada aconteceu. Como acredita que a outra está diferente, também passa a se comportar de forma distinta. A que havia decidido não falar mais sobre a discussão fica magoada ao pensar que foi nobre ao não querer brigar, mas acha que a outra não entendeu e adotou um comportamento esquisito com ela. Decide, então, não falar mais com a colega. O que poderia ser resolvido com uma boa conversa em que ambas estivessem abertas e desarmadas, acabou com o rompimento de uma relação graças à passividade das duas colegas.
É preciso enxergar o todo
Antes de mais nada, em todas as situações, precisamos deixar o egocentrismo de lado. Nem tudo é sobre mim ou contra mim. Um outro exemplo: quando enviamos uma mensagem para o WhatsApp e vemos que a pessoa já recebeu e leu, mas não retorna, começamos a pensar que ela não deu importância, que não nos priorizou e mais um monte de coisas. O correto seria tirar o foco de nós mesmos e pensar que, de repente, nosso interlocutor está superatarefado ou simplesmente não está a fim de responder naquele momento porque tem outros temas mais urgentes na cabeça.
A boa notícia é que Rosenberg destacou nosso lado violento, mas observou que também temos um lado compassivo natural. Foi a partir dessas conclusões que ele criou a comunicação não violenta. De maneira simplificada, a comunicação não violenta significa pôr em prática a empatia que nos habita para ir além do que parece óbvio. A comunicação não violenta começa quando decidimos enxergar todo o cenário e compreendemos que nem sempre somos o centro da questão. Precisamos, em todas as situações, nos colocar no lugar do outro.
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