Se inteligência emocional tem a ver com conseguir regular melhor suas emoções, não é surpresa que essa habilidade está diretamente ligada à saúde, em especial à saúde mental.
Um estudo de 2018 publicado na Psychology, por exemplo, mostrou que pessoas com níveis mais altos de inteligência emocional de fato desfrutam de melhores resultados, tanto de saúde física quanto mental. Quem controla suas emoções de forma mais eficaz na vida cotidiana e expressa emoções negativas com menos frequência têm mais proteção contra doenças cardíacas, mostrou outro estudo, do Global Journal of Health Science.
E, de acordo com a pesquisa da Universidade de Western Ontario, pessoas com maior inteligência emocional geralmente experimentam menos sofrimento psicológico e têm níveis mais baixos de ansiedade. Assim, para se obter sucesso em diversas áreas da vida, incluindo nossa saúde mental, trabalhar nossa inteligência emocional se torna cada vez mais urgente.
Aqui, explicamos o que é inteligência emocional, como ela está ligada à nossa saúde mental e, por fim, contamos como trabalhar os cinco pilares essenciais para dominar essa habilidade tão importante em nossas vidas.
O que é inteligência emocional?
A inteligência emocional (IE) é a capacidade de entender, usar e gerenciar suas próprias emoções de maneira positiva para aliviar o estresse, comunicar-se de forma eficaz, ter empatia com os outros, superar desafios e desarmar conflitos. A inteligência emocional ajuda você a construir relacionamentos mais fortes, ter sucesso na vida acadêmica e profissional e alcançar suas metas de carreira e também objetivos pessoais. Também pode ajudá-lo a se conectar com seus sentimentos, transformar intenção em ação e tomar decisões informadas sobre o que mais importa para você.
Costuma-se definir a inteligência emocional a partir de cinco pilares:
Autoconsciência – Você reconhece suas próprias emoções e como elas afetam seus pensamentos e comportamento. Você conhece seus pontos fortes e fracos e tem autoconfiança.
Autogestão – Você é capaz de controlar sentimentos e comportamentos impulsivos, gerenciar suas emoções de maneira saudável, tomar iniciativa, cumprir compromissos e se adaptar às mudanças nas circunstâncias.
Consciência social – Você tem empatia. Você pode entender as emoções, necessidades e preocupações de outras pessoas, captar sinais emocionais, sentir-se à vontade socialmente e reconhecer a dinâmica de poder em um grupo ou organização.
Gestão de relacionamentos – Você sabe como desenvolver e manter bons relacionamentos, se comunicar com clareza, inspirar e influenciar os outros, trabalhar bem em equipe e gerenciar conflitos.
Automotivação – Você quer melhorar e tem um compromisso com seus objetivos. Possui iniciativa e prontidão para agir frente às oportunidades, além de otimismo e resiliência.
Qual a relação entre inteligência emocional e saúde mental?
Não é novidade que emoções descontroladas e estresse podem afetar a saúde mental de uma pessoa, tornando-a vulnerável à ansiedade e à depressão. Ainda, quem não gerencia bem suas emoções muito provavelmente terá dificuldades para formar relacionamentos fortes. Isso, por sua vez, pode agravar a sensação de solidão e isolamento, exacerbando os problemas de saúde mental.
Pesquisadores da McMaster University, Trent University e Ryerson University também relataram que pessoas com uma série de transtornos de ansiedade, incluindo transtorno de ansiedade social e transtorno obsessivo-compulsivo apresentaram níveis mais baixos de inteligência emocional.
As 5 habilidades-chave para melhorar a sua inteligência emocional
Sim, as habilidades que compõem a inteligência emocional podem ser aprendidas. E podemos aprendê-las a qualquer momento. No entanto, é importante lembrar que há uma diferença entre simplesmente aprender sobre IE e aplicar esse conhecimento à sua vida. Só porque você sabe que deve fazer algo não significa que você fará – especialmente quando você fica sobrecarregado pelo estresse, que pode anular suas melhores intenções. A fim de mudar permanentemente o comportamento de maneira a resistir à pressão, você precisa aprender a superar o estresse no momento em que algo acontece, assim como em seus relacionamentos, a fim de permanecer emocionalmente consciente.
Aqui, vamos explicar cada um dos pilares da IE e como trabalhá-los em sua vida.
1 – Autogestão
Você deve ser capaz de gerenciar suas emoções para tomar decisões e agir de forma construtiva. Quando você fica excessivamente estressado, pode perder o controle de suas emoções e a capacidade de agir de forma ponderada e apropriada.
Pense em um momento em que se sentiu dominado pelo estresse. Foi fácil pensar com clareza ou tomar uma decisão racional? Provavelmente não. Quando você fica excessivamente estressado, sua capacidade de pensar com clareza e avaliar com precisão as emoções – suas próprias e as de outras pessoas – fica comprometida.
As emoções são informações importantes que falam sobre você e os outros, mas diante do estresse que nos tira da zona de conforto, podemos ficar sobrecarregados e perder o controle de nós mesmos. Assim, é preciso treinar sua capacidade de gerenciar o estresse e permanecer emocionalmente presente. Dessa forma, aprenderá a receber informações perturbadoras sem deixar que elas anulem seus pensamentos e autocontrole. Ao fazer isso, você conseguirá fazer escolhas que lhe permitirão controlar sentimentos e comportamentos impulsivos, gerenciar suas emoções de maneira saudável, tomar a iniciativa, cumprir compromissos e se adaptar à mudanças sem grandes transtornos.
Da próxima vez que vivenciar um momento de tensão, procure perceber todas as emoções que está sentindo,entendendo que está sob influência delas. Procure respirar, ganhar tempo e ressignificar a situação, com um olhar mais objetivo.
2 – Autoconsciência
Gerenciar o estresse é apenas o primeiro passo para construir a inteligência emocional. A ciência do apego indica que sua experiência emocional atual é provavelmente um reflexo de suas vivências na infância. Ou seja, sua capacidade de gerenciar sentimentos centrais, como raiva, tristeza, medo e alegria, geralmente depende da qualidade e consistência de suas experiências emocionais no início da vida.
Se seu cuidador principal quando criança compreendeu e valorizou suas emoções, é provável que suas emoções tenham se tornado ativos valiosos na vida adulta. Mas, se suas experiências emocionais quando criança eram consideradas erradas, “manha”, eram desqualificadas e categorizadas como irritantes ou desnecessárias, é provável que hoje você tente se distanciar de suas emoções.
O problema? Ser capaz de se conectar com suas emoções – entendo que ela tem um ciclo e que gera aprendizado – é a chave para compreender como nossas emoções influenciam nossos pensamentos e ações. Procure considerar essas reações:
- Você entende que seus sentimentos fluem e que passa por uma série de emoções à medida que suas experiências mudam?
- Suas emoções são acompanhadas por sensações físicas que você experimenta em lugares como seu estômago, garganta ou peito?
- Você experimenta sentimentos e emoções como raiva, tristeza, medo e alegria, sendo que cada uma fica evidente em expressões faciais sutis?
- Você pode experimentar sentimentos intensos que são fortes o suficiente para capturar sua atenção e a dos outros?
- Você presta atenção às suas emoções? Eles influenciam na sua tomada de decisão?
Alguma dessas experiências não é familiar? Pois isso pode significar uma “recusa” ou “desligamento” de suas emoções. Para construir uma boa inteligência emocional – e se tornar emocionalmente saudável – você deve conseguir se conectar com suas emoções centrais, aceitando-as e se sentindo confortável com elas.
A prática de mindfulness é uma grande aliada nesse objetivo. Trata-se da prática de focar propositalmente sua atenção no momento presente – e sem julgamento. A atenção plena ajuda a mudar sua preocupação com o turbilhão de pensamentos que mora em sua mente, para uma apreciação do momento, suas sensações físicas e emocionais, trazendo uma perspectiva maior da vida. A prática de mindfulness acalma e concentra você, tornando-o mais autoconsciente no processo.
Lembre-se apenas de, como falado no item anterior, gerenciar primeiro o estresse, dessa maneira se sentirá mais confortável vivenciando emoções fortes ou desagradáveis e mudando a maneira como experimenta e responde a estes sentimentos.
3 – Consciência social
A consciência social permite que a gente reconheça e interprete as “dicas” – especialmente as não-verbais – que os outros estão constantemente nos dando quando nos comunicamos. Essas dicas nos ajudam a perceber como a outra pessoa está realmente se sentindo, como seu estado emocional está mudando e o que é realmente importante para ela.
Quando grupos de pessoas enviam pistas não verbais semelhantes, você consegue ler e entender a dinâmica do poder e as experiências emocionais compartilhadas do grupo. Em suma, podemos dizer que você é alguém empático e socialmente confortável.
Para isso, no entanto, é preciso ouvir com atenção e estar presente. Afinal, você não pode captar sinais não verbais sutis quando está em sua própria cabeça, pensando em outras coisas ou simplesmente desconectado de olho no celular. A consciência social requer sua presença no momento. Enquanto muitos de nós nos orgulhamos da capacidade de sermos multitarefa, na prática isso pode minar nossa capacidade de notar mudanças emocionais sutis nas outras pessoas, prejudicando nossa habilidade de entendê-las completamente.
Focar nos outros não diminui sua própria autoconsciência. Afinal, ao investir tempo e esforço para realmente prestar atenção na outra pessoa, você pode obter informações importantes sobre o seu próprio estado emocional, bem como seus valores. Por exemplo, se alguém expressa uma opinião que deixa você desconfortável, isso certamente trará um ensinamento sobre suas próprias crenças.
4 – Gestão de relacionamentos
Trabalhar bem com os outros é um processo que passa necessariamente por sua consciência emocional e capacidade de reconhecer e entender o que as outras pessoas estão vivenciando. E quando falamos em consciência emocional, falamos em inteligência emocional.
Com ela, somos capazes de efetivamente desenvolver habilidades sociais adicionais que tornarão nossos relacionamentos mais eficazes, frutíferos e satisfatórios. Aqui, 3 dicas para melhorar a sua gestão de relacionamentos:
- Saiba quais mensagens está passando – mesmo sem dizer uma palavra
Um exercício para trabalhar sua consciência emocional é tornar-se consciente de quão eficazmente você usa a comunicação não-verbal. É impossível evitar enviar mensagens não verbais a outras pessoas sobre o que você pensa e sente. Os muitos músculos do rosto, especialmente aqueles ao redor dos olhos, nariz, boca e testa, ajudam você a transmitir sem palavras suas próprias emoções, bem como ler a intenção emocional de outras pessoas.
Isso significa que a parte emocional do seu cérebro está sempre ligada – e mesmo que você ignore essas mensagens que transmite constantemente ao se comunicar, outras pessoas podem não ignorá-las. Assim, ser capaz de reconhecer as mensagens não verbais que envia aos outros tem um papel importante na melhoria de seus relacionamentos.
- Use o humor para trazer mais leveza à situações de estresse
Humor, risadas e brincadeiras são antídotos naturais para o estresse. Eles diminuem seus fardos e ajudam você a manter as coisas em perspectiva. O riso traz equilíbrio ao seu sistema nervoso, reduzindo o estresse, acalmando-o, aguçando sua mente e tornando-o mais empático. Dessa forma, ao sentir que aproxima-se ou que já está dentro de uma situação de stress, recorrer ao humor pode deixar tudo mais leve, evitando que as coisas saiam do controle e ganhem uma proporção negativa totalmente desnecessária.
- Veja o conflito como uma oportunidade
Conflitos e desacordos são inevitáveis nas relações humanas. Duas pessoas não podem ter as mesmas necessidades, opiniões e expectativas o tempo todo. No entanto, isso não precisa ser uma coisa ruim. Resolver conflitos de maneira saudável e construtiva pode fortalecer a confiança entre duas ou mais pessoas. Quando o conflito não é percebido como ameaçador ou punitivo, ele promove a liberdade, a criatividade e a segurança nos relacionamentos.
Ao colocar essas dicas em prática, tendo em mente esses quatro pilares da inteligência emocional, certamente, com o tempo, será capaz de regular melhor suas emoções, tanto na vida pessoal quanto profissional.
5 – Automotivação
A automotivação é um componente-chave da inteligência emocional. É composto por uma série de habilidades que podem ser tanto lapidadas quanto desenvolvidas. Em termos gerais, é composta por:
- Ousadia: capacidade de atingir metas desafiadoras
- Comprometimento: a capacidade de ter um forte foco com os objetivos
- Iniciativa: prontidão para aproveitar as oportunidades
- Otimismo: capacidade de antecipar o sucesso
Quando falamos em automotivação não é raro surgir a pergunta: como, afinal, uma pessoa pode se tornar mais automotivada? Resumidamente, trata-se de fortalecer sua habilidade de definir e alcançar metas que estão sob seu controle.
Aqui, 5 dicas para melhorar sua automotivação:
- Use fontes de motivação. Por exemplo, você mesmo, colegas, família, um coach, seu ambiente, etc.
- Divida grandes trabalhos em pequenas tarefas
- Arranje tempo para tentar buscar melhores maneiras de alcançar seus objetivos (não só apague incêndios!)
- Use sau “voz interior” de uma forma positiva, para se concentrar em alcançar metas, em vez de se deixar dominar pelo medo de falhar
- Quando você estiver se sentindo desanimado e dominado por pensamentos negativos, pare e procure um caminho positivo a seguir.
E, caso queira se aprofundar em técnicas e ferramentas que de fato transformarão a forma como você lida com suas emoções, inscreva-se no nosso CURSO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E INFLUÊNCIA. Nele, você será capaz de aumentar a capacidade de influência e engajamento de pessoas ao seu redor, desenvolvendo habilidades emocionais, como controle do temperamento, flexibilidade, persistência, amizade, respeito, amabilidade e empatia.