People Analytics no dia a dia do RH: por onde começar?

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A ideia de usar dados para tomar decisões no RH pode parecer intimidadora à primeira vista — especialmente para quem está acostumado a confiar na experiência e na intuição. Mas a verdade é que o People Analytics está cada vez mais acessível e pode (sim!) ser aplicado no dia a dia, mesmo sem grandes ferramentas ou equipes de dados. Basta saber por onde começar. Neste artigo, você vai entender como incorporar essa abordagem no cotidiano da gestão de pessoas, desde os primeiros passos até a criação de uma cultura mais analítica dentro do RH.

 

Entenda o que é (e o que não é) People Analytics

People Analytics é o processo de coleta, análise e interpretação de dados sobre pessoas para embasar decisões de gestão de forma mais objetiva e estratégica.

Isso não significa deixar de lado a sensibilidade humana. Muito pelo contrário: o uso de dados permite que decisões sejam mais justas, transparentes e personalizadas, reduzindo vieses inconscientes e aumentando a efetividade das ações do RH.

Outro equívoco comum é pensar que People Analytics depende de tecnologias complexas. Embora ferramentas avançadas possam fazer parte da jornada, os primeiros passos podem ser dados com planilhas, formulários e relatórios simples — desde que exista um olhar analítico por trás.

 

Principais benefícios do People Analytics

Incorporar uma abordagem orientada por dados traz impactos diretos na eficiência e no valor estratégico do RH. Assim, entre os principais benefícios, temos:

  • Análise de fatores ligados às pessoas que afetam os resultados da organização: identificar causas relevantes com base em dados e sugerir ações para seu tratamento
  • Melhor tomada de decisão: dados embasam escolhas mais objetivas, reduzindo erros e suposições.
  • Aumento na retenção de talentos: com a análise dos motivos de desligamento, é possível agir preventivamente.
  • Contratações mais assertivas: perfis de alta performance podem ser mapeados e replicados no processo seletivo.
  • Aprimoramento da experiência do colaborador: o cruzamento de dados permite ações personalizadas que aumentam engajamento e satisfação.
  • Maior credibilidade do RH junto à liderança: decisões fundamentadas em evidências têm mais força e influência dentro da empresa, principalmente aquelas que podem afetar positivamente o desempenho da organização.

Segundo o relatório HR Technology 2023 da Gartner, as empresas que usam People Analytics com maturidade têm 33% mais chances de superar metas de negócio e mais de 2 vezes a probabilidade de alcançar uma cultura organizacional forte e coerente.

 

Onde o People Analytics mais gera impacto no RH

Ao aplicar uma abordagem orientada por dados, diversas funções do RH ganham mais precisão, eficiência e capacidade estratégica. 

 

Recrutamento e Seleção

Com base em dados históricos de desempenho, perfil comportamental e tempo de permanência de colaboradores anteriores, é possível identificar padrões que ajudam a definir critérios mais assertivos de contratação. Dessa forma, reduz-se o tempo de preenchimento de vagas, melhora-se o fit cultural e diminui-se o turnover precoce.

 

Desenvolvimento e Capacitação

A análise de dados de performance, avaliações e trilhas de aprendizagem permite mapear lacunas de competência por área ou cargo. Assim, o RH pode direcionar treinamentos com mais foco, medir resultados de capacitação e justificar investimentos em desenvolvimento com base em evidências.

 

Engajamento e Clima Organizacional

A partir de pesquisas internas e indicadores de comportamento (como absenteísmo, rotatividade ou desempenho), é possível identificar fatores que impactam o engajamento. Com isso, o RH pode agir de forma preventiva para melhorar o clima, fortalecer a cultura organizacional e reduzir riscos de desmotivação.

 

Gestão de Desempenho

People Analytics facilita a análise integrada de metas, entregas e comportamentos, apoiando a criação de sistemas mais justos e personalizados de avaliação. Além disso, permite observar quais práticas de liderança estão mais associadas a altos níveis de performance.

 

Retenção e Planejamento de Sucessão

Com modelos preditivos, é possível antecipar riscos de desligamento voluntário, entender os principais motivos de saída e agir de forma preventiva. Também, pode-se mapear talentos internos com potencial de crescimento, estruturando planos de carreira e sucessão baseados em dados concretos.

 

Como aplicar o People Analytics no RH da sua empresa

A grande dica é começar com um passo a passo possível e estratégico. Ou seja, um dos maiores erros de quem tenta começar com People Analytics é querer abraçar tudo ao mesmo tempo. Assim, o ideal é adotar uma abordagem incremental, focada em gerar valor desde o início. Veja um roteiro prático:

 

  1. Mapeie os dados que você já tem

Sistemas de folha de pagamento, banco de currículos, resultados de pesquisas internas, avaliações de desempenho, ponto eletrônico… muitos dados já estão disponíveis no RH — mas mal aproveitados. Faça um inventário das fontes de dados existentes e avalie sua confiabilidade e frequência de atualização.

 

  1. Defina uma pergunta-chave para investigar

Evite análises genéricas. O ideal é começar com uma pergunta estratégica, que tenha impacto direto nos objetivos da empresa ou nas dores da área de pessoas. Por exemplo:

  • Por que a taxa de turnover aumentou nos últimos 6 meses?
  • Que perfil de colaborador tem maior tempo médio de permanência?
  • Como o engajamento influencia o desempenho por área

 

  1. Crie uma hipótese e explore padrões

Com a pergunta em mente, levante hipóteses e explore os dados para identificar correlações e tendências. Por exemplo, colaboradores que têm feedbacks frequentes se desligam menos? Quem passa por um bom onboarding performa mais rápido? Quais perfis de personalidade apresentam melhor desempenho?

 

  1. Traduza os achados em ação

O valor do People Analytics está na capacidade de transformar informação em decisões. A partir das descobertas, proponha ações específicas: melhorar o processo seletivo, reforçar treinamentos, revisar políticas de reconhecimento, etc.

 

A importância de usar indicadores simples e relevantes

Você não precisa começar com ferramentas sofisticadas ou dashboards robustos. No início, o mais importante é escolher indicadores que conversem com os objetivos do negócio e que reflitam os desafios reais do seu contexto.

Indicadores de RH são métricas que permitem avaliar o desempenho e o impacto das ações de gestão de pessoas, funcionando como termômetros da saúde organizacional. Assim, eles ajudam o RH a sair do campo das percepções e atuar com mais foco, clareza e poder de argumentação junto à liderança.

A seguir, alguns exemplos de indicadores simples, mas muito eficazes:

  • Turnover voluntário e involuntário: mostra o índice de saídas da empresa e ajuda a entender se há problemas de clima, liderança ou processo seletivo.
  • Tempo médio de contratação: mede a agilidade do processo seletivo e sua eficiência.
  • Absenteísmo por área: permite identificar equipes com possíveis problemas de engajamento, saúde ou gestão.
  • NPS interno (Net Promoter Score): avalia o quanto os colaboradores recomendariam a empresa como um bom lugar para trabalhar.
  • Engajamento por unidade ou gestor: ajuda a entender o impacto da liderança sobre a motivação e o desempenho das equipes.

 

Esses indicadores são importantes porque:

  • Guiam decisões com base em dados reais, não em achismos;
  • Ajudam a priorizar ações e recursos;
  • Facilitam a comunicação com áreas estratégicas da empresa;
  • Permitem acompanhar a evolução ao longo do tempo;
  • Fortalecem a posição do RH como parceiro de negócios.

Lembre-se: o mais relevante não é ter muitos dados, mas usar bem os dados que você já tem. Com isso, você constrói credibilidade e dá os primeiros passos para uma atuação mais analítica, estratégica e eficiente.

 

Crie uma cultura de dados no RH 

Mais do que aplicar ferramentas, é preciso desenvolver uma mentalidade analítica dentro da área. Isso significa estimular a curiosidade, valorizar a busca por evidências e compartilhar aprendizados com outras áreas.

De acordo com a Deloitte (Relatório Global Human Capital Trends 2024), 74% das organizações classificam People Analytics como importante ou muito importante, mas apenas 8% se consideram “fortes” nessa prática. O principal motivo? Falta de preparo técnico e de cultura orientada a dados.

A boa notícia é que essa lacuna pode ser resolvida com capacitação. Trazer o time para o aprendizado coletivo e criar pequenos rituais (como acompanhar indicadores em reuniões de equipe) já ajuda a estabelecer uma nova forma de pensar. 

 

Invista em formação prática e aplicada

Para evoluir em People Analytics, o conhecimento técnico é importante — mas o mais relevante é saber como aplicar na prática, com os recursos que você tem hoje. É aí que a formação contínua faz toda a diferença.

Os cursos “Indicadores de RH” e “People Analytics na gestão estratégica de pessoas” são ideais para quem quer sair do campo da teoria e colocar a abordagem analítica em prática no RH, com orientação especializada e aplicação real ao contexto corporativo.

 

Comece pequeno, mas comece

A implementação de People Analytics não precisa (e nem deve) começar com grandes projetos. Assim, o importante é dar o primeiro passo com os recursos disponíveis e com foco nos problemas que realmente importam. A cada pequena análise bem-feita, a área de RH se fortalece como parceira estratégica do negócio — e isso faz toda a diferença no futuro da organização.

Cursosrelacionados

  • Indicadores de RH

    Esse curso apresenta ferramentas quantitativas e qualitativas para desenvolver competências analíticas e de controle dos processos de RH, de forma a demonstrar que a área pode agregar valor financeiro à organização através de suas atividades voltadas para as pessoas e para resultados.

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  • People Analytics na Gestão Estratégica de Pessoas

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    Este curso apresenta uma base conceitual estruturada e uma oficina para que os participantes possam praticar o que foi aprendido, podendo assim tangibilizar a teoria fazendo cases sobre assuntos relacionados a área.

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