Método Harvard de Negociação: 4 premissas fundamentais

Por Luiz Roberto Clerc de Freitas, consultor da Integração

Foi a partir de uma demanda da faculdade de direito de Harvard que os professores Roger Fisher e William Ury elaboraram aquele que é considerado um dos métodos mais eficazes para negociar: o Método Harvard de negociação. Descrito no livro “Como chegar ao sim – como negociar acordos sem fazer concessões” (que também tem como autor Bruce Patton), o Método Harvard de negociação está baseado em um princípio simples: o do ganha-ganha. No entanto, ele também aponta para a necessidade de atenção na hora de negociar a fim de manter os relacionamentos. Para se chegar a esse cenário, as 4 premissas do Método Harvard de negociação, que resumo aqui neste artigo, estão relacionadas a pessoas, interesses, opiniões e critérios. Leia e entenda como esse método se tornou um dos mais didáticos, eficientes e cheio de repertório para garantir o sucesso em todas as suas negociações.

1- Separe as pessoas do problema

Uma negociação não acontece sem as pessoas, mas elas não devem ser o foco na hora de negociar. O que tem de estar em destaque são as questões que estão em jogo. Se essas questões estão envoltas em um problema no momento da negociação, não podemos deixar que as nossas emoções nos levem a enxergar o interlocutor como parte desse problema. Ele precisa ser um aliado.

Às vezes, criamos um embate com o outro, o que gera dificuldades para a negociação. Por exemplo, se o comprador quer um desconto e não abre mão disso, ocorre uma discussão. Como vendedor e hábil negociador, preciso lembrar que o comprador pode estar apenas seguindo uma regra da empresa que ele representa. Ele não criou aquela regra e talvez nem concorde com ela. Mas, nós, seres humanos, comumente confundimos as coisas e ficamos chateados. A partir daí, já rotulamos o outro de arrogante, de pessoa difícil para negociar. Por isso, a importância dessa regra do Método Harvard de negociação: separe as pessoas dos problemas.

Uma dica interessante para evitar essas confusões é estudar a pessoa com quem vamos negociar. Tente descobrir do que ela gosta, alguns aspectos da sua personalidade etc. Hoje em dia há várias formas de fazer essa pesquisa, utilizando, por exemplo, redes sociais como Facebook, LinkedIn, Instagram. Busque se comunicar com esse interlocutor utilizando as informações que levantou sobre ele. Crie conexões. Lembre-se sempre: somos todos pessoas com sentimentos, angústias, sonhos e crenças. Não estamos apenas representando um CNPJ. E quanto mais você souber o que motiva aquela pessoa a estar ali, negociando com você, mais perto estará do ganha-ganha na negociação.

2- De olho em interesses, não em posições

Ao entrar numa negociação, ambos os negociadores precisam se concentrar nos interesses de cada um, e não nas posições. Estas acabam por obscurecer os reais interesses das pessoas. As partes devem superar a falha de se concentrar nas posições pois o objetivo da negociação é satisfazer os interesses dos envolvidos. Uma boa dica para descobrir os interesses por trás das posições é utilizar o famoso “Por quê?”.

Sempre digo nas minhas aulas que a posição é a ponta do iceberg, aquilo que está à mostra e é visível para todos. O interesse é a parte que está oculta e é muito maior do que aquilo que está sendo visualizada por você. Normalmente, quando vamos para uma negociação, focamos na posição, escondendo o interesse.

Vamos a um exemplo. Um comprador lhe diz: “eu preciso que você me entregue o produto em 5 dias”. Você só consegue em 15, ele sabe disso, mas falou em 5 dias. O que ele está pedindo está baseado em uma posição, não no interesse real dele. Então, é preciso descobrir o que está por trás dos cinco dias. O jeito é perguntar por que ele quer que seja entregue naquele prazo. Vamos supor que a empresa dele terá um evento importante naquele período e ele precisa do produto. Mas se ele ficar preso no argumento dos 5 dias, sem que você entenda o motivo, e você ficar preso nos 15 dias sem indagar, não haverá negociação. Portanto, separe sempre a posição dos interesses para conseguir engatar uma boa negociação.

3- Opções para ganho mútuo

Vá para uma negociação tente em mente várias opções criativas. Crie diversas opções sem julgamento, apenas levando em conta as necessidades da pessoa com quem vai negociar. Eu não posso chegar para um comprador com uma única opção de negociação. Se fizer isso, a chance de dar tudo errado é muito grande. Se ele disser não para aquela opção, o que eu faço? Vou embora, simplesmente? Por isso, eu devo ir com muitas opções na manga.

O que os criadores do Método Harvard de negociação recomendam utilizar é a prática de brainstorming. Ou seja, faça o exercício livre de escrever diversas opções para uma negociação, pergunte a quem conhece o seu cliente qual é a posição dele, qual os interesses, peça sugestões de negociação etc. O importante é ir com cartas na manga, isto é, com opções criativas que tragam ganhos para você e o seu cliente.

4- Resultados baseados em critérios objetivos

Para que a negociação seja justa para ambas as partes, utilize somente critérios objetivos na busca de soluções. Mas, lembre-se de debater com seu interlocutor se ele concorda com os critérios escolhidos. Eles podem ser baseados em uma tabela de preços, na legislação ou até mesmo nas práticas adotadas pelo mercado e que já se tornaram critérios recorrentes nas negociações. Quando os critérios são claros e bons para todos os envolvidos na negociação, ela transcorre tranquilamente.

Espero ter ajudado com esse resumo das 4 premissas que definem o Método Harvard de negociação. Elas são importantes pilares que podem apoiá-lo em uma abordagem de sucesso em suas negociações, tanto na vida pessoal, quanto na profissional. Bons negócios para todos!

Entenda o significado de Balanced Scorecard e como aplicá-lo na empresa

Por Meg Chiaramelli, head das escolas de RH, Vendas e Marketing e do Núcleo de Coaching da Integração

Você sabe o que é Balanced Scorecard (BSC)? Esse é um conceito que se originou com base em uma pesquisa feita com várias empresas. A ideia era investigar se os métodos utilizados para avaliar o desempenho das organizações eram suficientes. Assim nasceu o BSC. Ele foi apresentado em 1992 por Robert S. Kaplan e David P. Norton, professores da Harvard Business School, como um modelo novo de avaliação de performance empresarial. A partir de então, o BSC é muito usado e vem sendo aplicado com êxito no mundo inteiro em empresas de diversos segmentos. 

O BSC pode ser traduzido como indicadores balanceados de desempenho, que reúnem os pilares mais importantes para acompanhar os caminhos da estratégia. O BSC é uma metodologia poderosa porque facilita o desdobramento da estratégia nos diversos níveis, gerando uma rede colaborativa em todos eles e promovendo a comunicação e o comprometimento de uma organização.

Com o BSC é possível alinhar o planejamento estratégico e os processos intermediários (operacionais), conectando os fins ─ resultados ─ com os meios. A visão e a estratégia são organizadas em medidas e indicadores que renderão informações a todos os envolvidos sobre os pilares de sucesso, tanto no momento atual quanto no futuro. 

A expectativa é, portanto, definir uma estratégia e canalizar a energia dos colaboradores, em todos os níveis, para alcançar os objetivos. Para isso, sugerem-se algumas ações. Em primeiro lugar, é preciso traduzir a estratégia, ou seja, depois de definida, ela deve ser comunicada aos envolvidos de maneira clara, para que todos entendam o que se espera a médio e a longo prazo. É necessário delimitar também a distância entre o objetivo e os resultados atuais. Nesse momento, todos devem conhecer os indicadores e os fatores que agregam valor a todos da organização. Em segundo lugar, é necessário que as metas estabelecidas estejam alinhadas com os objetivos estratégicos. Todas as metas têm de ser racionais e atreladas à estratégia da organização. Cada gestor deve saber exatamente como sua área contribui para o resultado geral da organização. 

Se existe meta, tem de haver um momento para avaliar quanto cada área contribuiu para o alcance do resultado, ou seja, é preciso avaliar o desempenho de cada um. O BSC trabalha com quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e perspectiva de aprendizado e crescimento. Com essas perspectivas percebemos que a grande contribuição do BSC é permitir uma visão de desempenho integrada. Vejamos cada uma delas: 

Perspectiva financeira

É a que verifica a receita e a produtividade, demonstrando se a estratégia adotada está contribuindo para melhorar os resultados financeiros da organização, como o lucro líquido, o retorno sobre o investimento e a geração de caixa. Ao examinar essa perspectiva, todos devem entender exatamente qual é o objetivo maior da organização em termos de rentabilidade. Isso permite, por exemplo, fazer a gestão do risco do negócio e melhorar a governança.

Perspectiva dos clientes

Esta diz respeito ao mercado, ao produto ou serviço e ao negócio como um todo. Para que seja possível avaliá-la, é necessário que a empresa defina bem o segmento em que deseja competir. A partir daí, a ideia é acompanhar indicadores que apontem como a organização entrega valor aos clientes, qual a satisfação e as necessidades deles e como eles avaliam o que é entregue em termos de qualidade, prazo, custo etc. 

Perspectiva dos processos internos

Aqui, identificam-se os processos prioritários para a realização dos objetivos estratégicos da empresa e como aprimorá-los constantemente, gerando mais produtividade e qualidade. Os processos internos devem contribuir para criar condições para a proposta de valor, de forma a atrair e reter mais clientes, e garantir a redução de custos sem prejudicar a qualidade do produto ou serviço oferecido nem deixar de atender às exigências de órgãos reguladores e dos clientes.  

Perspectiva de aprendizado e crescimento

Para uma empresa ser excelente, ela precisa ter atendidas as perspectivas anteriores, ou seja, deve ser rentável, alcançando a satisfação do mercado e dos clientes. Isso só é possível se os colaboradores praticarem a inovação e atuarem de forma eficaz. Para atingir esse estágio, a empresa tem de focar na obtenção de competências que viabilizem a inovação e o domínio tecnológico para a concretização de objetivos estratégicos. Portanto, a perspectiva de aprendizado e crescimento está diretamente ligada à competência de uma organização para inovar e investir na capacitação e no desenvolvimento das pessoas, que podem fazer mais e melhor quando estão motivadas e energizadas. 

De maneira resumida, os benefícios do BSC são o alinhamento entre processos e estratégia, a discriminação dos grupos de interesse, como acionistas, clientes e colaboradores, e a integração deles em uma visão sistêmica de toda a organização, sem que o olhar isolado para uma das perspectivas desequilibre a realização do todo.
 

Gestão colaborativa versus produtividade

A edição da Você RH que está nas bancas traz uma matéria sobre gestão colaborativa, modelo no qual, muitas vezes, não há uma chefia definida e os papéis e responsabilidades são difusos. A matéria mostra que, apesar de esse desenho permitir uma participação mais ativa dos funcionários nas estratégias e nas decisões da empresa, a distribuição do trabalho nem sempre é feita de maneira equilibrada.

A reportagem apresenta o resultado de uma pesquisa publicada na Harvard Business Review, que aponta que somente entre 3% e 5% dos colaboradores ficam com até 35% das demandas de trabalho. “Como não há uma hierarquia definida, em muitos casos, fica apenas insinuado o que cada um deve fazer. Mesmo não existindo uma figura de chefia, é preciso que alguém divida as tarefas e aloque responsabilidades. Caso contrário, o resultado será afetado”, disse Edson Herrero, head da escola de Secretariado e Assessment da Integração à revista Você RH. “Em um ambiente que fomenta a ajuda mútua estão presentes indivíduos de diversos perfis, etnias, orientação sexuais e ideologias. É preciso que todos sejam abertos a conviver com o diferente para se dispor a fazer algo de maneira encadeada”, completou.

Confira a matéria completa na Você RH de abril/maio.