As emoções em tempos de adversidade

Por Edson Herrero, head da Escola de Secretariado e do Assessment Center da Integração

O universo do trabalho testa nossas emoções, sobretudo em cenários de competitividade, excelência, cobrança por qualidade, prazos apertados, competências e habilidades sendo postas à prova. Não bastasse tudo isso, agora temos um desafio maior: equilibrar a já conhecida tensão emocional com a questão da saúde fisiológica em tempos de covid-19. Neste artigo, trago alguns reflexões sobre como lidar com as emoções em tempos de adversidade.

Organização Mundial da Saúde (OMS), faz algum tempo, vem chamando a atenção sobre as novas doenças ocupacionais. Elas migraram de sintomas meramente ergonômicos para patologias graves (agudas ou crônicas), em tempo real e realista no mundo organizacional. Mas como o trabalho não pode parar, temos driblado tais patologias como podemos com as drogas lícitas, como os medicamentos controlados. Há um exército de pessoas que literalmente se droga para ter algum tipo de bem-estar e lucidez, atributos que exigidos para qualquer profissional em atividade. 

Nossa performance é avaliada o tempo todo, do mesmo modo que nossas entregas e habilidades. Temos de lidar com responsabilidades, preciosismo, controle do tempo, marketing pessoal, além de desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe, sermos multifuncionais e específicos, simultaneamente. Realmente estamos numa curva perigosa da psicodinâmica do trabalho em que não sabemos bem como lidar com as emoções em tempos de adversidade. Sobre isso, leia Christophe Dejours, psiquiatra francês, doutor em medicina, especialista em medicina do trabalho e em psiquiatria. É considerado o pai da psicodinâmica do trabalho.

O ambíguo resultado do trabalho 

O trabalho e suas relações deveriam nos proporcionar momentos de prazer e realização, além, é claro, de subsidiar a existência material, e não o inverso. O que temos visto por um lado são pessoas descontentes com suas escolhas profissionais, reféns da existência e da subsistência, e de outro as cobranças naturais e intrínsecas das organizações, que precisam sobreviver num cenário acirrado, competitivo, rápido, ágil, acelerado e extremamente dinâmico. Num panorama assim, é quase impossível que não haja deterioração das relações interpessoais e da inteligência emocional. 

Em 2013, eu atendia uma organização de grande porte em programas de desenvolvimento para média e alta liderança. Em determinado momento, passei a perceber que os efeitos das tratativas em sala de aula não eram suficientes para dirimir as queixas (em sua maioria veladas, por se tratar de uma situação de sala de aula convencional). Diante disso, sugeri ao board do RH que experimentássemos uma abordagem mais invasiva, de caráter psicoterapêutico e grupal, com base na psicoterapia breve (PB), que tem foco no problema. A empresa topou minha sugestão e passamos a fazer sessões semanais de uma hora e meia de duração com os times. Os resultados colhidos após quatro meses de encontros com aqueles grupos foram surpreendentes. As relações pessoais e interpessoais, horizontais e verticais, melhoraram qualitativamente, o clima de trabalho ganhou novos ares e observamos um significativo ganho de motivação. Como consequência, houve o aumento da produtividade.

Ideias para lidar com as emoções em tempos de adversidade

Como resolver essa equação do trabalho? Se de um lado suas relações podem levar a profissionais saudáveis, física e psicologicamente, o que é imprescindível para o sucesso de qualquer negócio, por outro, em muitos casos, comprometem o desempenho e a entrega, produzindo patologias nas pessoas, como gastrite, insônia, aumento ou perda de peso, alcoolismo, drogadição e depressão, que foi a doença da década de 1990 e segue firme nos anos 2000, acompanhada de todos os “ites” − rinites, faringites, laringites, sinusites, labirintites, otites, conjuntivites. E, claro, as enxaquecas, que prostram as pessoas. E há ainda as síndromes do pânico, de Burnout, da intolerância e outras mais. Ou seja, mais uma vez destaco que isso é resultado da falta de preparo para lidar com as emoções em tempos de adversidade.

Como profissional de saúde mental que convive com os dois universos, eu posso sugerir alguns caminhos para que o trabalho e suas relações não se tornem geradores de doenças e que os profissionais saibam lidar com as emoções em tempos de adversidade: 

  • Autoconhecimento. Quanto mais e melhor nos conhecemos, mais aprendemos a lidar com nossas limitações de maneira saudável, ou minimamente saberemos quando gritar e pedir ajuda na hora certa.
  • Identifique qual é seu nível de resistência emocional, considerando que você não é super-herói.
  • Compreenda quando seu trabalho deixou de ser fonte geradora de prazer e passou a ser fonte de dor e sofrimento.

A importância da escolha profissional

Durante minha especialização na PUC-SP (entre 1997 e 1998) em “Orientação profissional e vocacional”, vi muitas pessoas buscando reorientação profissional aos 45, 50 anos de idade. Elas estavam num caminho perigoso e sem volta no que dizia respeito tanto à saúde emocional quanto à física, em razão de uma carreira ou profissão não mais reparadoras do ego (eu). Para a psicanalista austríaca pós-freudiana Melanie Klein, o trabalho deve ser algo reparador, ou seja, que dignifica, gera prazer em sua realização e entrega, bem-estar, saúde mental e física, e nunca doença para o ego. Esse cenário levou a PUC-SP, já naquela época, a estender forte atuação de orientação profissional e vocacional para os adolescentes. A ideia era agir profilaticamente, na tentativa de formar adultos com carreiras mais bem direcionadas, visando o prazer pelo trabalho e menos sofrimento. 

Tenho visto muitos programas de trainees que tratam esses jovens talentos de maneira superficial, impregnando neles a ideia de um mundo de sucesso e recompensas rápidas, de visibilidade ímpar a qualquer prova, de projeção inequívoca no mundo corporativo etc. Esses programas, no entanto, pouco ou nada estão preocupados se esse ou aquele jovem está realmente disposto a pagar esse preço. Muitos jovens fazem escolhas profissionais equivocadas, o que produz adultos patológicos, sem vida, sem prazer nem motivação. Eu recebo depoimentos em sala de aula (durante treinamentos, capacitações, workshops) de jovens que, aos 25 anos, já tomam regularmente medicamento para pressão alta. Sinceramente, isso não é normal.

O papel das organizações

Outro dia, num programa in company de 16 horas sobre inteligência emocional, no primeiro intervalo do dia, ainda pela manhã, um rapaz de 23 anos me chamou de lado e, quase chorando, disse não estar mais suportando as pressões do dia a dia. De maneira remediada, em pé, ali na sala de aula, tive um papo com ele de dez minutos e o orientei naquilo que estava ao meu alcance. Esse rapaz foi fisgado por algo que eu disse nas primeiras duas horas de conteúdo. E os outros tantos que não se manifestaram e continuam até hoje com suas mazelas? Como estão no trabalho? Como estão na vida pessoal, nas relações? Estão conseguindo dormir bem? 

As organizações poderiam oferecer ajuda psicoterapêutica grupal a seus colaboradores, criando fóruns permanentes para dissipar os sentimentos não nobres que uns passam a nutrir pelos outros em razão de tudo já citado anteriormente. Dessa forma, promoveriam ambientes menos tóxicos. 

Vamos todos nos debruçar sobre essa causa para melhorarmos − a nós mesmos − e, assim, tornar mais saudáveis as relações de trabalho?

Pedro Mandelli: o momento exige uma gerência de projeto

O professor e consultor Pedro Mandelli colocou-se à disposição em sua rede no LinkedIn para conversar e dar conselhos, a quem se interessar, sobre como lidar com esse período de isolamento social. Muita gente já o procurou. E nós também conversamos com ele acerca de como tem sido essa experiência de dar suporte aos seus ex-alunos e clientes e dos desafios da situação que estamos vivendo. Confira a entrevista que ele concedeu em sua casa, no Canadá, ao blog Na Íntegra, e na qual ele aborda a necessidade de uma gerência de projeto para driblar o momento de crise.

Logo que a campanha de isolamento social começou, como medida para barrar a proliferação da covid-19, o senhor deixou um recado em sua página no LinkedIn, colocando-se à disposição para conversar sobre este momento em que vivemos. Por que o senhor decidiu fazer isso? 

Pedro Mandelli: A declaração de que estávamos numa pandemia, em março, veio quando voltei de férias. Assim, ao retomar o trabalho, clientes ligaram para postergar projetos e minha agenda foi adiada para 90 dias. Decidi, então, ficar alguns dias quietinho para observar o cenário. Vi, por exemplo, ofertas de cursos de como trabalhar em casa. Entendi isso como uma tentativa de profissionais e empresas de desenvolver alguma atividade, alguma receita. Uma semana depois, convoquei uma reunião com meu time e resolvemos fazer algo. Então decidimos ajudar as pessoas, respeitando o enclausuramento e a nossa especialidade. Resolvemos agir sem honorários porque entendemos que era hora de ajudar. Foi aí que coloquei o aviso no LinkedIn

A minha rede tem cerca de 10 mil pessoas. O post teve quase 35 mil visualizações em 24 horas. As pessoas enviaram e-mail com pedido de auxílio e perguntas sobre a crise. Eu, então, marquei reuniões de 15 minutos, meia hora ou mais. Dessa forma, ajudei pessoas e grupos – houve comitê de crise de empresa que conversou comigo. Foram seis ou sete reuniões ao dia (até o fim de março), com pessoas de variados cantos do país, de Vitória da Conquista, da Serra Gaúcha, do Mato Grosso, de São Paulo, do Rio de Janeiro et. Também conversei com quem está fora do país, há ex-alunos meus espalhados pelo mundo. 

Eu me senti feliz porque, num momento como este, as pessoas se apoiam em quem elas confiam. É prazeroso e motivo de vaidade ter sido procurado por tanta gente. Por um lado, é cansativo, porque a pessoa faz uma pergunta e não há tempo para elaborar, questionar e desenhar alguma coisa, nem para avaliar se o que está sendo feito é bom ou não. Mas é um exercício de consultoria estimulante. 

O senhor sempre pontua a falta de lideranças nas empresas. Como é que o senhor acha que a escassez de líderes impacta este momento de crise? 

Pedro Mandelli: A minha crença e tudo que estudei me levam a concluir que a vida não ensina a liderar. Ela ensina a conviver com as pessoas. Existem táticas e truques para liderar, mas a liderança é definida por conceitos, existem técnicas para exercê-la. Eu diria que entre 80% e 90% dessas técnicas sobre liderança vêm pela aprendizagem. Vejo pessoas que galgam posições e chegam a dirigir centenas ou milhares de colaboradores. Mas se você pergunta a elas onde obtiveram seu conhecimento de liderança, todas respondem que a vida as ensinou. Quando as empresas têm desafios e precisa crescer num ambiente econômico turbulento, percebemos que há pouco arcabouço técnico e conceitual para mobilizar pessoas que têm formação cada vez melhor e estão mais exigentes em relação ao ambiente de trabalho. 

Resumindo: a vida não ensina a liderar, as pessoas estão mais complexas e os negócios, mais complicados. Nos últimos 20 anos, a gestão de operação melhorou. A falta de liderança está no topo, que tem de conduzir um ambiente complexo, com gente complexa e em uma velocidade a mil por hora. Aí nós temos um gap que fica mais ressaltado em momentos de crise. 

A gente pensa em liderança para desenvolver. No entanto, nunca pensa em um líder de crise. Vamos refletir sobre essa situação inusitada que estamos vivendo. Eu tenho 68 anos e não me lembro de ter passado por um momento tão complicado. Claro que nessas quase sete décadas presenciei situações difíceis, mas nada parecido em termos de dimensão e de alarde como a atual. 

Eu conversei com os dirigentes de uma empresa que me contaram que os negócios estavam ótimos, a cidade não tinha casos de covid-19, e eles até tinham contratado recentemente. O problema é que os colaboradores não queriam trabalhar porque estavam com medo do que viam nos noticiários. Eles queriam discutir o que fazer. Isso ilustra que as lideranças estão preparadas para o desenvolvimento das empresas, a sustentabilidade dos negócios, mas não para o gerenciamento de uma crise como a de agora. 

O que o senhor diria para as lideranças que, pela primeira vez, estão numa situação de gerir uma equipe remota? O que se deve fazer para continuar a liderar, de maneira adequada e até motivando o time?

Pedro Mandelli: Minha orientação tem sido da seguinte forma: vamos imaginar que estamos numa frente de batalha. As batalhas têm início, meio e fim. Ninguém sabe exatamente quando será o fim, mas o isolamento social não vai durar seis ou sete meses. Também não serão somente dois meses. Que tal pensarmos em quatro meses, mesmo que depois tenhamos de estender ou diminuir um pouco, e elaborarmos uma sequência de ações para o começo dessa jornada, o meio e o fim dela. O momento, portanto, exige uma gerência de projeto, mas não de prazo, por causa dessa incerteza. É preciso focar no que deve ser feito. Mas uma questão é clara: se a sua empresa tem quatro meses de liquidez, esse projeto deve durar quatro meses. 

Sempre vem a pergunta: “Eu tenho de demitir colaboradores?” Minha resposta é: “Se tiver de demitir, faça isso com toda a decência do mundo”. E, para diminuir as demissões, que tal pensar numa redução do salário ou em transformá-lo em remuneração por projeto. O que não podemos fazer é largar as pessoas numa luta dessas, sem nada para se segurar. A liderança tem de pensar que ela dará o exemplo para os que ficam. 

Seria importante pôr um nome para esse momento, como se fosse um projeto. O clima organizacional está contaminado e negativo. Criar um nome para a atual situação, como se fosse um projeto desafiador, pode diminuir essa negatividade. 

Outra sugestão é dar uma mexida na estrutura organizacional. Já pensou em tirar as pessoas das posições que ocupam, deslocar para outras atividades, transformar alguém em um consultor, fazer um contato mais direto com a turma de operação? Ou seja, movimentar o pessoal, estabelecendo desafios?

Se pensarmos no colaborador que talvez esteja vivendo sua primeira experiência de home office e que percebe que seu gestor está um pouco perdido, como ele pode agir para tentar passar por esse período de maneira menos traumática?

Pedro Mandelli: Todas as pessoas que foram designadas para trabalhar em casa podem estar certas de que seus chefes continuam de olho nelas. Agora é que os gestores vão sentir com quem eles podem realmente contar. Há mais visibilidade se alguém que está em casa não entregar o que foi determinado. Se o colaborador perceber que seu gestor está meio perdido, nada melhor do que oferecer ajuda. 

Atualmente, o risco de uma organização está concentrado nas decisões que o topo tem de tomar. O gerenciamento está sendo feito a cada movimento dos ambientes econômico, político e de saúde. Essas três esferas estão interagindo o tempo todo e interferem nas variáveis de risco percebidas pelo topo. Então, é natural que a alta liderança mude de opinião a cada hora ou dia. Quem está na média gerência ou na operação, ao perceber que seu superior não está conseguindo enxergar alguma coisa, pode contribuir indicando algum caminho. Esse é o momento de mostrar uma postura protagonista – “Onde eu posso ajudar?”

Personagens históricos como Isaac Newton e Shakespeare também viveram momentos de quarentena e produziram bastante nesse período. O senhor acha que o isolamento social pode resultar em inovações interessantes?

Pedro Mandelli: Existem três perfis de pessoa que vão responder de maneira distinta a esse cenário. Há profissionais proativos, que estão em casa pensando em algo, como sempre fizeram. Eles têm a mente ligada quando estão na empresa, quando vão ao cinema ou a uma festa, ou seja, possuem ideias e anotam tudo. Esse tipo de pessoa sairá com ganhos dessa experiência porque, como está tudo desordenado, dá para enxergar possibilidades e ter insights. Outras pessoas são reativas, ou seja, elas vão esperar algum movimento para se mexer. Essas não vão aprender nada. Vão apenas rezar para continuar na empresa quando tudo passar. E tem ainda a turma passiva, que entra num processo de vitimização, acha que está tudo uma desgraça e que vai piorar. Esse grupo também não vai aprender nada na quarentena. Qualquer situação deixa um saldo. O aproveitamento disso vai depender do perfil de cada um. 

O senhor acha que esse período pode trazer mudanças nas relações de trabalho, na maneira como a gente trabalha?

Pedro Mandelli: Eu não acredito em revolução nesse sentido. Há uma turma grande em home office neste momento. Pode ser que muita gente não saiba como trabalhar nesse esquema, mas tem profissionais que já têm experiência. É hora de conversar com aqueles que fazem isso bem, porque, quando levantarmos a bandeira branca para a crise, pode ser que alguém perceba que “minha área pode trabalhar 100% em casa, vindo à empresa somente às sextas-feiras pela manhã para uma reunião”. Agora, vai ter de mudar os sistemas de avaliação e de feedback. Outra coisa é, em vez de pesquisa de clima, fazer pesquisa de engajamento. Em termos organizacionais, acredito que vamos evoluir em algumas questões. Talvez tenhamos certas contingências adicionais, vamos nos preocupar ainda mais com o fluxo de caixa. Então, eu acredito que haverá aprendizado. Nesse sentido, teremos uma evolução. 

Minha observação final é que tudo o que aprendemos como líderes para desenvolver a organização não serve para o gerenciamento desta crise. Mas as práticas que vamos usar agora que deram certo para atravessar o momento não são as mesmas que vão fazer a organização voltar a se desenvolver depois. É preciso compreender que são duas abordagens de liderança totalmente diferentes! 

A entrevista com o professor Pedro Mandelli também está disponível em vídeo. Assista aqui

Como criar valor em tempos de crise?

*Por Umberto Canônico, consultor da Integração Escola de Negócios

Em um cenário de crise, no qual as perspectivas não são favoráveis para quase nenhum segmento, há uma tendência de que os clientes valorizem ainda mais o próprio dinheiro, ponderando os investimentos. Para ser resiliente num cenário hostil, as empresas devem trabalhar buscando criar valor para seus clientes. Afinal, é isso que eles buscam.

Criar valores não está somente atrelado a produtos ou serviços oferecidos. Isso é obtido direcionando os esforços de todas as áreas de uma empresa em uma única direção, a geração de caixa. A equação é bem conhecida: é preciso aumentar a receita e reduzir os custos, preferencialmente de maneira simultânea.

Apesar de simples, a equação não é simplista, devido aos diversos aspectos que reúne. Veja a seguir algumas ações que, apesar de parecerem óbvias, nem sempre são implementadas pelas empresas para gerar caixa:

Melhorar a venda de produtos de maior valor agregado

Os produtos devem necessariamente ser aqueles que também agregam valor ao cliente, geram caixa para ele e encantam os consumidores.

Manter a equipe comercial alinhada com a estratégia de geração de caixa

Treinar a equipe no processo de vendas, fazendo-a conhecer os diferenciais competitivos dos produtos/serviços que comercializa e a forma com que eles podem se transformar em benefícios para o cliente.

Motivar as equipes interfuncionais

Criar campanhas que abranjam as equipes de vendas, de entrega e o suporte, de forma a criar sinergia e espírito de colaboração.

Criar indicadores de eficiência

Os indicadores devem orientar “como” chegar ao resultado, ou seja, à geração de caixa. Devem ser estruturados de maneira que permita a fácil compreensão, atualização e acompanhamento.

Definir metas realistas

As metas devem refletir o real momento do mercado, suas expectativas e as estratégias da empresa para enfrentar o cenário. Expectativas supervalorizadas, em muitos casos, são inatingíveis e acabam por desmotivar a equipe.

Redefinir investimentos e lançamentos de produtos/serviços

Ao avaliar o portfólio das empresas será possível ver que a lei de Pareto (20% dos produtos é responsável por 80% do faturamento) se aplica a todas as companhias, em relação ao número de produtos responsável pela geração de caixa. É preciso rever o portfólio, pois as implicações em se manter uma quantidade imensa de produtos afetam vários setores da empresa e ao invés de gerarem caixa acabam por destruí-lo.

Auxiliar clientes no processo de geração de caixa é possível por meio de quatro práticas:

1 – Prometer o que se pode cumprir e cumprir o que foi prometido: Sem dúvida, esta atitude está diretamente ligada à qualidade.

2 – Conhecer o negócio do cliente: Isso permitirá oferecer um “mix” de produtos/serviços adequados, considerando localização, perfil de consumo dos clientes dele, tamanho do estabelecimento e custos fixos.

3 – Oferecer a quantidade de produtos de acordo com o potencial do cliente: Deve-se levar em consideração o giro dos produtos, a frequência de compra e seu fluxo de caixa.

4 – Executar o sell out ajudando no giro dos produtos: Auxiliar no abastecimento e na exposição dos produtos e verificar a precificação, tendo em vista que produto sem preço não vende. Também é importante prover a comunicação por meio da correta utilização dos materiais de merchandising.

Essas são algumas sugestões que permitem às empresas trabalhar o que chamamos de cadeia de valor. Assim, vamos satisfazer a empresa por meio da geração de caixa. Em resumo:

  • Os clientes vão se manter fiéis ao fornecedor, pois também geram seus caixas.
  • Os consumidores terão suas expectativas atendidas ao comprarem os produtos/serviços.
  • Os fornecedores terão a continuidade de suas vendas.
  • Os colaboradores terão a garantia de seus empregos.

Quais dessas atitudes sua empresa tem posto em prática?

Você já teve sua amígdala sequestrada?

Eduardo Ribeiro fala sobre neurociência, filtros de racionalidade e a importância da inteligência emocional no ambiente de trabalho.

Quem já não perdeu a cabeça no meio de uma tormenta ou situação difícil? O problema é que só depois, quando ela passa, é que nos damos conta da nossa reação desproporcional. Aí o que acontece? Ficamos arrependidos e nos perguntamos: “Como é possível, em questão de segundos, tornar-se tão irracional?”

O que acontece conosco nesses momentos? Vou citar alguns exemplos:
  • O chefe grita com um subordinado ao perceber o erro que este cometeu.
  • O colaborador pede demissão no meio de uma tarefa por se sentir ofendido pelas palavras duras do chefe.

Quando alguém é submetido a uma violenta emoção, fica furioso e pode cometer atos irracionais. Isso é fato. Essas explosões emocionais são conhecidas como “sequestros da amígdala”. 

Filtros de racionalidade

As amígdalas são duas estruturas em forma de amêndoas (amígdala significa amêndoa em grego), localizadas uma de cada lado do cérebro. São a herança da nossa passagem pela forma réptil, e podemos dizer que são o nosso primeiro mecanismo de defesa. É o que chamamos de “instinto de sobrevivência”.

E por que o nome “sequestros da amígdala”? Pesquisas da neurociência demonstram que temos “3 cérebros”, cada um com uma função especializada:

  1. Cérebro Reptiliano: é o que nos leva a dar respostas mais animais e instintivas, como lutar ou fugir. ‘ Se eu como isso eu ataco…se isso me come eu fujo ‘.
  2. Cérebro Emocional: recebe os estímulos e informações, processa tudo e nos leva a ter atitudes baseadas apenas em sentimentos e memórias.
  3. Neo-Córtex: recebe os estímulos e informações, processa tudo e nos leva a ter atitudes racionais, visando algum tipo de ganho ou benefício.

Quando o estímulo é intenso demais, ou rápido demais (como um susto, por exemplo), a amígdala “sequestra” a informação e não deixa alcançar o Neo-Córtex. Assim, as respostas (palavras, atitudes e comportamentos) não passam por filtros de racionalidade, e podem provocar perdas materiais ou de relacionamento.

Inteligência Emocional

Para finalizar, deixo uma dica: quanto mais trabalharmos nossa inteligência emocional, menos estaremos expostos a essas perdas. Só não dá para “zerar” tudo, porque esse efeito é químico e biológico e faz parte de nossa evolução. Coloque seu foco no que realmente importa e vamos em frente.  

Eduardo Ribeiro é professor da Integração Escola Negócios, onde ministra o curso Inteligência Emocional e InfluênciaClique aqui e conheça o programa do curso.

Como melhorar o clima organizacional na sua empresa

O professor Amauri Marchese, da Integração Escola de Negócios, fala sobre tempos de crise econômica e de como tudo isso influencia no ambiente de trabalho. Aproveite as dicas e saia da zona de conforto.

O ambiente de uma empresa, em momentos de crise, é propício ao desenvolvimento de rumores e boatos, provocados pela sensação de instabilidade e insegurança da situação. A ameaça de demissão, a perda de poder de representantes dos níveis mais altos da hierarquia, a promoção de pessoas não tão bem qualificadas mas que ganham menos, o fechamento de unidades operacionais, escritórios de vendas ou filiais, tudo isso causa a desestabilização do clima organizacional.

Pressão de todos os lados

E mais: entramos em uma louca corrida para atingir os objetivos e as metas empresariais, geralmente “inchadas” para tentar reverter eventuais perdas. Em um quadro desses, a liderança das empresas passa por pressões diárias e, muitas vezes, deixa de lado o “script do bom gestor” para obter resultados positivos a qualquer custo.  

Ouvir o outro

É aí que um líder precisa se reinventar. Buscar novos meios de estimular ou entender melhor seus subordinados. Uma atitude que pode fazer a diferença nesse contexto é: ouça sempre as pessoas antes de falar, dar uma opinião ou resolver um determinado assunto. Parece simples, óbvio, mas quantas pessoas a praticam? Quantas pessoas realmente sabem ouvir?  

Jeff Immelt, Diretor-presidente da General Electric (GE), costuma dizer o seguinte: “Ouvir ativamente é a mais menosprezada e a menos desenvolvida habilidade empresarial, seja com clientes e colaboradores, seja com outros stakeholders que possam afetar os negócios.”  

Concordo plenamente com o executivo. E digo mais, em um mundo onde todos querem aparecer ou falar mais do que o outro, muitos profissionais têm sérias dificuldades para ouvir ativamente. E como os subordinados observam seus líderes e seguem seus exemplos, o estrago está feito.

Saia da zona de conforto

  1. Prepare-se para a ação: esteja sempre “ligado” no clima organizacional.
  2. Seja franco: a verdade às vezes dói. Mas deve ser dita com firmeza e educação.
  3. Faça perguntas: quanto mais informação você tiver, mais adequada vai ser sua decisão.
  4. Observe a linguagem corporal: lembre-se, o corpo fala.
  5. Reconheça sempre: elogie, dê destaque às realizações dos seus subordinados.
  6. Dê feedback: positivo ou negativo, o feedback deve ser enfatizado como um instrumento de crescimento profissional e pessoal.  

Espero que vocês cresçam na crise!

Amauri Marchese é professor da Integração Escola Negócios, onde ministra o curso Como Integrar a Comunicação Interna e o Endomarketing. Clique aqui e conheça o programa do curso.