O papel estratégico da área de recrutamento e seleção

*Por Edson Herrero, consultor da Integração Escola de Negócios

Frederick Taylor, engenheiro mecânico norte-americano, morto em 1915 aos 59 anos de idade e autor do livro Os Princípios da Administração Científica, certa vez fez a seguinte afirmação: “The right man on the right place.” (na tradução livre, significa o homem certo no lugar certo).

Passados 101 anos de sua morte, percebemos que mais do que nunca ele tinha razão. A porta de entrada das organizações é estratégica, pessoas mal selecionadas, que não possuem habilidades técnicas e comportamentais compatíveis com as necessidades da posição a ser ocupada, ou não se identificam com os valores da organização serão – estrategicamente – um problema para o futuro da companhia, da área e do negócio e, não obstante, para a carreira do profissional no que diz respeito à motivação, entrega e desenvolvimento.

Muitos dos problemas enfrentados pelas organizações têm origem em um processo seletivo equivocado e distante das reais necessidades do gestor, da área e do colaborador que está sendo contratado. A customização do processo de seleção e a clara definição dos pré-requisitos para o preenchimento da vaga tornaram-se fatores estratégicos, de maneira que o novo colaborador tenha – preliminarmente – todas as possibilidades de êxito.

Muitas organizações têm aderido ao modelo de consultoria interna de Recursos Humanos através de seus BP’s (business partner) ou consultores internos, cuja atuação – de exclusividade – junto ao gestor da área (cliente interno), geram resultados qualitativos desde a abertura da vaga até o início das atividades do profissional, passando, futuramente, por processos de treinamento e desenvolvimento.

Porém, não bastam apenas cuidados voltados à posição aberta e o que esta requer dos candidatos e dos seus futuros gestores. Tanto a área de R&S (recrutamento e seleção) como a área demandante da posição (cliente interno) necessita fino alinhamento com as estratégias do negócio, caso contrário, o recrutamento, as ferramentas utilizadas durante o processo seletivo, a cobertura da vaga e a retenção do profissional estarão ameaçados.

Destaco abaixo, passos importantes para um recrutamento e seleção estratégicos:

  • Alinhe as informações sobre os negócios da área e a posição requisitada com o gestor;
  • Defina o perfil do profissional a ser contratado e qual processo será utilizado;
  • Planeje uma estratégia de busca de candidatos;
  • Identifique os profissionais mais qualificados para a vaga;
  • Selecione os candidatos potenciais;
  • Conclua o processo;
  • Apresente seu parecer ao gestor requisitante.

É importante destacar que o requisitante da posição (gestor do futuro colaborador) também tem papel determinante na identificação de profissionais. Seu papel, neste caso, é tão estratégico quanto o da área de R&S e por essa razão deve ser convidado a participar ativamente de boa parte das etapas do processo seletivo. A recomendação é que esse executivo seja treinado pelo BP (business partner) / consultor interno de RH em alguns princípios básicos de recrutamento para a condução de entrevistas por leitura de competências apresentadas durante uma prova situacional, dinâmica ou atividade correlata.

Como podemos perceber, a ações de atrair, selecionar e reter profissionais ganhou status de estratégica, no entanto, tem muita proximidade com o que Frederick Taylor definiu há mais de cem anos Mas, eu, particularmente faria um acrescimento àquela frase: “O homem certo, no momento certo, porém bem preparado”.

Deixe a agenda mais leve e as tarefas serão mais agradáveis

Na era industrial, de nossos queridos Taylor e Fayol, uma forma muito valorizada de ser produtivo dizia respeito a trabalhar mais e mais horas, abrindo mão da qualidade de vida, da felicidade e do bem estar; isso era coisa de pessoas menos importantes na hierarquia das empresas. No século XXI, em plena era da informação, o capital humano passa ser o grande ativo das organizações e a valorização da qualidade de vida e do direito de exercer plenamente os diferentes papeis em nossas vidas foi instaurado. É claro que este é ainda um processo em transição. Não seremos hipócritas de achar que este “direito” está estabelecido para todos. Exercer esta condição é um movimento que não virá das organizações necessariamente. Passará, sem dúvida, pela decisão e disciplina de cada trabalhador que deverá gerenciar seu tempo de modo eficaz em busca da conciliação entre estes múltiplos papeis que exercemos na vida: profissional, pais, filhos, colegas, cidadãos, donos de casa, cônjuges….

Façamos um teste rápido! Lembre-se de algumas tarefas que você faz cotidianamente e que são para você extremamente “energizantes”. Ou seja, te preenchem, te trazem bem estar e nas quais, você nem percebe o tempo passar. Pensem nas tarefas exatamente opostas. Àquelas que são extremamente “esgotadoras”. Àquelas que quando você realiza, o tempo não passa, cada minuto é uma eternidade e que ao concluí-las você está extremamente exausto e até mal humorado. Pois bem, agora imagine a frequência com que você  realiza cotidianamente este conjunto de tarefas, tanto as energizantes quanto as esgotadoras e você poderá ter uma maior clareza de como está sua qualidade de vida. Quando realizamos algo que nos preenche, isso nem é considerado trabalho. Mas é claro, que ninguém vive apenas a realizar as tarefas energizantes.

Desta forma, em busca do seu bem estar, compartilho contigo algumas dicas que pratico e que vejo que funcionam:

  1. Organize sua agenda de modo mensal para que você possa ter uma maior visão de sua produtividade e com isso distribuir os diferentes papeis e atividades por grau de prioridade e importância. Fuja do check list diário.
  2. Estabeleça as prioridades e faça um planejamento para ter tempo e não viver “apagando incêndios”.
  3. Distribua seu tempo em blocos de 2h. Este é cientificamente o tempo em que você consegue se concentrar em uma mesma atividade sem embotar seu cérebro e daí passar a não ver mais os detalhes e entrar em modo automático. A cada duas horas mude as atividades.
  4. Procure alternar tarefas “esgotadoras” com as “energizantes” de modo a manter o pique ao longo do dia.
  5. Deixe as tarefas “esgotadoras” para os momentos do dia em que seu relógio biológico é mais ativo. Por exemplo: eu rendo melhor pela manhã, então coloco aí, sempre que possível, as atividades chatinhas e mais exigentes. Ao final do dia, quando estou mais cansada, concentro as atividades mais gratificantes e energizantes. Me dão um up e me fazem sair para a segunda jornada mais bem disposta, já que sou mãe e dona de casa também.
  6. Não se obrigue a realizar pessoalmente ou a aprender/aprimorar as tarefas “esgotadoras”. Por mais empenhado que você seja provavelmente não passará a amar as atividades esgotadoras. Respeite seus traços de personalidade e aptidão. Isso não é conformismo, mas é não se violentar e ter autoconhecimento para saber onde estão seus limites. Eu, por mais que me empenhe não serei uma cozinheira tão boa quanto a minha mãe. Simplesmente não tenho vocação, talento. Claro que cozinho dentro das expectativas. Não passo fome e mantenho meus filhos saudáveis, mas este é o limite.
  7. Esforce-se e aprimore mais e mais o que é energizante para você. Aí está seu talento. Ensine, treine, compartilhe estas aptidões. É aqui que você se destaca. Não queira ser o super homem ou a super mulher. Isso é coisa de cinema!
  8. Compense o que é esgotador. Se possível delegue, contrate, terceirize ou coloque seu grau de desempenho nos níveis razoáveis de aceitação. Ou seja, bom o possível.

É assim que conseguimos, sem abrir mão de nossas obrigações diárias, dar leveza a nossa agenda; dar tranquilidade a nós mesmos; buscar a realização e a felicidade e cumprir com responsabilidade e louvor todos os diferentes papéis que temos na vida.

 *Texto de Lucimar Delaroli, professora da Integração Escola Negócios, psicóloga, palestrante e consultora organizacional.