Por que um vendedor deve saber negociar

Por Eduardo Ribeiro, consultor da Integração 

Você é um vendedor ou um negociador? A grande maioria dos vendedores é preparada para vender. Ela é treinada para conseguir alavancar pedidos e alcançar as metas estabelecidas. Porém, o que determina o quanto a empresa lucrará é a capacidade de negociar do vendedor ou da equipe de vendas. Ou seja, o vendedor deve saber negociar porque saber vender influencia o quanto entra nos cofres da empresa, e saber negociar significa o quanto permanece. E a diferença básica entre o que entra e o que fica é o que chamamos de lucro. 

Hoje em dia, para trabalhar na área comercial não bastam aquelas habilidades tradicionais que funcionavam no passado, como gostar de pessoas, saber se comunicar e conhecer o produto. É preciso muito mais. É fundamental ser um estrategista, conhecer as técnicas e as artimanhas que são utilizadas pelos compradores, conseguir suportar a pressão, influenciar e argumentar de maneira convincente, além de saber vender valor e não somente o menor preço. Em síntese, o vendedor deve saber negociar 

Compradores estão aprendendo a negociar 

Nos meus treinamentos de técnicas de negociação e negociação estratégica, a predominância sempre foi de vendedores. Nos últimos tempos, porém, tenho a percepção de que os compradores passaram a representar 60% dos participantes. Ao que me parece, as empresas descobriram como é fácil conseguir descontos de vendedores despreparados para negociar.

Na medida que os mercados estão mais disputados, as margens ficam menores e os produtos, cada vez mais parecidos. Saber comprar é uma questão de sobrevivência para qualquer empresa. Por isso os compradores de hoje têm metas e são bem treinados, além de estarem cada vez mais sofisticados e atualizados. Parece que o oposto está acontecendo com os vendedores. 

Muitos deles acreditam que já sabem tudo e que não é preciso aprender mais nada. Na verdade, o treinamento direcionado aos vendedores sempre objetivou prepará-los para que eles conseguissem o pedido de qualquer maneira. No entanto, muito dinheiro está sendo perdido por causa dessa postura, sem levar em consideração o tamanho da “gordura” (margem colocada a mais nas propostas) que existe em todas as negociações.

Vendedores precisam saber negociar 

Por medo de perder um negócio ou o cliente, os vendedores não resistem nem mesmo aos primeiros ataques. Basta um comprador dizer que conseguiu condições mais favoráveis do concorrente para que o vendedor, automaticamente, comece a fazer contas e verificar até aonde pode chegar para não perder a venda. Ele deixa de negociar e passa tão somente a fazer concessões, sem pedir nada em troca. Dessa forma, ele acaba esquecendo que negociar não é apenas conceder. Negociar, antes de tudo, é trocar: “você aumenta o volume, então, eu lhe dou um desconto”, ou “você melhora a condição de pagamento e, então, eu lhe dou um desconto”. Isso sim é negociar. 

Mas por que será que os vendedores deixam de negociar adequadamente e acabam fazendo concessões, sem tentar uma compensação? A resposta mais provável é que isso acontece porque eles entram numa negociação muito mais preocupados com o valor mínimo que dá para aceitar, em vez de focar no máximo que dá para conseguir.

Verifique se o mesmo acontece com você ou sua equipe. Talvez isso seja resultado da maneira como a meta de vendas foi estruturada e comunicada. Muitas vezes, as empresas cobram vendas e nem sempre, lucro. Mas o que garante a sustentabilidade dos negócios é o lucro. 

A realidade atual, do Brasil e do mundo, exige uma competência maior para negociar e isso só se consegue com treinamento, prática e avaliação diária, em que a equipe de vendas precisa refletir sobre o que deve parar de fazer, o que deve continuar fazendo e o que deve começar imediatamente a fazer. 

Há empresas que quebram de tanto vender. E o pior resultado que se pode ter numa guerra de preços é ganhá-la. Pense nisso! 

Você é um comprador negociador ou um cotador comprador?

Por Eduardo Ribeiro, consultor da Integração

Alguma vez, você já parou para pensar se você é um comprador negociador ou um cotador comprador? Vamos refletir sobre isso. Em algum momento, você já conseguiu uma boa negociação, fazendo com que o vendedor baixasse o preço ou oferecesse mais quantidade, qualidade ou serviços adicionais pelo mesmo valor? Veja um exemplo. Sua empresa precisa comprar 1.000 peças de um determinado produto e lhe dá autonomia para pagar determinado valor. Você faz três cotações e recebe os seguintes orçamentos de três fornecedores diferentes, A, B e C:

  • A – R$ 10,00/peça — qualidade boa
  • B – R$ 11,00/peça — qualidade muito boa
  • C – R$ 12,00/peça — qualidade excelente

Se você simplesmente comprar o de menor preço, não foi um comprador negociador e, sim, um cotador comprador. Mas se conseguiu comprar do fornecedor C pelo preço do B, ou, ainda melhor, do fornecedor A, aí sim você atuou como um comprador negociador.

No fim das contas, você comprou um produto de melhor qualidade com preço menor, conseguindo mais vantagem para sua empresa e agradando seu gerente. Portanto, isso é negociação! Mas, para que isso aconteça, é necessário utilizar técnicas e truques que descrevo aqui neste artigo.

Técnica do espanto

Sempre responda com surpresa e choque, independentemente do valor inicial proposto pelo vendedor – esse valor pode até ser muito bom, mas, mesmo assim, responda com espanto, surpresa ou finja estar desapontado.

Use expressões como: “Nossa, tudo isso…”. “Puxa está muito caro!”. “Estou desapontado, pensei que o preço fosse realmente menor”.

Se você não se espantar, o vendedor poderá interpretar sua atitude como um sinal de que o preço está próximo de sua expectativa e ceder menos a um eventual pedido de desconto, que geralmente ocorre quando é seguido de hesitação ou espanto. Por isso, simplesmente hesite. O simples fato de você se espantar ou hesitar vai fazer com que seu interlocutor pense numa nova proposta de preço para lhe oferecer e, assim, não perder a venda.

Técnica da relutância

Seja relutante, mas jamais entre em confronto em uma negociação, porque isso cria uma barreira entre as partes. Use sempre a técnica do “sim, e…” em vez de dizer “sim, mas…”.

Por exemplo: “Sim, eu compreendo sua posição em relação ao preço e também sei que você quer fechar essa venda…” Em seguida, deixe o vendedor gastar uma hora demonstrando o produto e no fim, simplesmente lhe diga obrigado. Então comece a sair e, nesse momento, pare, volte e diga: “Se você realmente tivesse interesse em fechar o negócio, qual seria sua melhor proposta?”.

Técnica da morsa

Responda a uma proposta ou contraproposta utilizando essa técnica. Aperte a negociação.

Diga: “Sinto muito, mas você vai ter de melhorar esse preço”.

Nunca diga: “Você pode fazer melhor do que isso?”. Ou seja, não pergunte, afirme!

Depois da frase de aperto, não diga mais nada. O próximo a falar perde. Um bom negociador dirá: “Bem, quanto ainda tenho de melhorar?

Técnica do “Se… então…”

Nunca dê nada de graça porque o que é dado de graça não tem valor. Uma forma de demonstrar flexibilidade é utilizar a técnica do “se… então…”, que transmite a ideia de que, se todos cederem em algum ponto, todos terão a ganhar. Por exemplo, é comum em lojas varejistas obter desconto quando o produto é pago à vista. Você pode até aceitar o preço inicial, porém agregue valor ao que está pagando, solicitando garantia estendida, aumento na quantidade, assistência técnica gratuita, isenção de frete ou até mesmo parcelamento do pagamento.

Com as quatro técnicas apresentadas aqui, eu espero ter contribuído para seu desenvolvimento como comprador negociador.

Eduardo Ribeiro é mestre em Recursos Humanos (RH) pela PUC-SP, possui pós-graduação em Gestão Estratégica de RH pela USP e é especialista na mesma área pela Michigan Business School. Eduardo foi o primeiro reitor da Universidade do Hambúrguer do McDonald’s, é professor de pós-graduação nas áreas de endomarketing, marketing de serviços e RH voltadas para resultados de vendas, além de ser consultor e palestrante.

Na Integração, Eduardo Ribeiro ministra os cursos Estratégia de Negociação: Maximizando a Performance e os Resultados e Inteligência Emocional e Influência.

Os cursos da Escola de Vendas e Negociação também podem ser customizados, de acordo com as necessidades de cada empresa. Para saber mais, entre em contato com nossa Equipe de Relacionamento pelo telefone (11) 3046-7878 ou pelo e-mail [email protected].