Equipes de alta performance

Há quem argumente que nem sempre o trabalho em equipe é a solução mais efetiva, visto que as equipes demandam esforço adicional para seu alinhamento e a tomada de decisão em grupo costuma dispender mais tempo. De fato, em determinados processos de cunho operacional, a gestão por meio de um líder único pode gerar um nível de produção bastante satisfatório.

Entretanto, o atual ambiente competitivo tem demandado das organizações a idealização de modelos de gestão mais complexos. Para liderar mercados e atender com excelência aos seus clientes, as empresas passaram a implementar inovações, acelerar o desenvolvimento de produtos, aportar tecnologias, além de adotar estruturas organizacionais mais flexíveis, voltadas a projetos e processos.

Nesse ambiente, a disciplina do trabalho em equipe se torna vital. Cada vez mais veremos trabalhos de valor para a organização serem desenvolvidos por meio de equipes (multifuncionais, virtuais, de inovação, de projeto, de implantação, de decisão). O desempenho e a efetividade dessas equipes passam a ser aspectos estratégicos a gerenciar.

Uma equipe de alta performance é aquela em que o trabalho flui com eficiência e objetivos ousados são concretizados, ainda que com recursos escassos. Nesse tipo de equipe, os elementos interagem com grande efetividade e as entregas são efetuadas atendendo aos requisitos de custo, prazo e qualidade. Poderíamos comparar esse tipo de equipe a um “Dream Team” do mundo dos esportes. Temos, portanto, jogadores altamente qualificados, atuando em sintonia, a partir de uma estratégia bem definida e aplicada com disciplina.

Formação, confusão, normalização e desempenho

Estudos apontam que toda equipe precisa passar por um processo de amadurecimento até alcançar o nível de alta performance. Ao aprofundar o entendimento desse processo, pode-se acelerar a curva de aprendizado, ampliando mais rapidamente os resultados gerados. De forma sintética, o processo de amadurecimento das equipes é composto pelas etapas de formação, confusão, normalização e desempenho.

O processo tem início na etapa de formação, quando os integrantes estão interessados e apreensivos com o desafio que lhes foi endereçado. Nessa fase, geralmente o nível de desempenho é moderado e tende a piorar no momento seguinte. É na fase de confusão que costumam precipitar os conflitos, já que os integrantes da equipe não compreenderam plenamente quais os papéis e objetivos do time. Será alcançada a fase de normalização, quando o time for capaz estruturar seu processo de trabalho deixando claros os objetivos e responsabilidades de cada membro, o que resulta num ganho significativo de efetividade. Finalmente, temos o nível de desempenho em que os resultados mais expressivos são obtidos. Esse nível é alcançado quando o time, além de possuir um processo de trabalho bem estruturado, já sedimentou um forte entrosamento a partir de valores compartilhados, como confiança, comprometimento e cooperação.

Integrar uma equipe de alta performance, em que o desempenho é máximo e os limites são superados, é vivenciar uma experiência formidável em termos de produtividade, aprimoramento e sintonia. Equipes nesse nível suportarão a organização no aprimoramento de seus processos e na conquista posições privilegiadas em seus mercados.

O desafio para gestores e integrantes de equipes é criar o ambiente certo e aplicar as práticas necessárias para que suas equipes de trabalho possam atingir o nível de alta performance no mais breve possível.  

Anderson Oliveira é consultor da Integração Escola de Negócios.

Gestão de desempenho e meritocracia

Consolidar metas significa alcançar os números do objetivo, mas não é apenas isso, e nem tão simples quanto parece. Existe um gap de execução que deve ser analisado com cautela. Para Anderson Oliveira, consultor da Integração Escola de Negócios, devemos pensar quais as capacidades os colaboradores vão ter que dominar para conseguirem atingir as metas. Ou seja, quais as competências necessárias para alcançar os objetivos da organização.

“Não basta traçar uma estratégia, é preciso pensar no que é necessário para chegar ao topo e isso envolve seleção, desenvolvimento, avaliação, remuneração e promoção. As empresas não pensam nisso”, diz o consultor.

Ou seja, devemos analisar a capacidade da equipe e observar se há condições para aqueles colaboradores atingirem o resultado desejado. Para tal, também é importante ressaltar que há uma grande diferença entre talento e potencial:

TALENTO

A pessoa capaz de gerar resultados superiores. Tem bom desempenho e uma boa postura. Ela possui as competências necessárias para a função que exerce, tem comprometimento com os valores da empresa e trabalha bem em equipe. No entanto, todos sabem que ela é boa naquela área/departamento e não imaginam qual seria o desempenho dela em outra função dentro da organização.

POTENCIAL

A pessoa cuja análise é baseada nas avaliações. Ela exerce uma função, mas possui as competências necessárias para ocupar um cargo que está em aberto em outro departamento. Ela é uma aposta.

Para Anderson, as empresas não identificam isso de forma clara. “As organizações trabalham com extremos. É mais fácil dizer que fulano é muito bom ou ruim em tudo, assim reorganizar equipes se torna um drama”, explica.

O Workplace Big Five é a ferramenta ideal para medir as competências e traçar perfis, mas há outras opções que podem ser empregadas, como a avaliação 360° – para instruir o gestor a escolher por metodologia e não por intuição. Aqui, a possibilidade de erro é bem menor e não há risco de perder talentos, pois não há critério pessoal para promoção, apenas mérito.

Toda empresa deve ter políticas de meritocracia aliadas às políticas de desempenho individuais, observando os méritos de cada colaborador. Isso significa construir políticas de Recursos Humanos voltadas à seleção, remuneração, remanejamento, educação e sucessão – não apenas dos líderes, mas de todo o corpo de funcionários.

As ferramentas nos mostram que pessoas diferentes devem ser tratadas de forma diferente. Esse é um dos pontos-chave para melhorar o desempenho individual. Incentivar as pessoas é um estímulo para ampliar a performance.

É um equívoco pensar que tirar uma pessoa ruim e colocar uma boa vai sair mais caro. Para a empresa. “Caro é manter alguém imperceptível na função, pois ela desmotiva outras pessoas e desmotiva a si mesma. Se ela tiver potencial para outra função, mantê-la onde está é uma oportunidade perdida”, explica Anderson.

Mas, atenção: a possibilidade de remanejamento de função pode ajudar a reter um funcionário, mas algumas pessoas não se adaptam à cultura da empresa e por isso precisam mudar – o que não significa que elas possam ser consideradas profissionais ruins.

FEEDBACK

A palavra gera medo em muitos departamentos por aí. Para muitos, feedback é sinônimo que insatisfação e críticas, pois é apenas nesses casos que são chamados para conversar. Mas isso não deve acontecer, o feedback é uma análise do trabalho e a falta desse diálogo atrapalha muito o desempenho dos colaboradores.

Ele deve acontecer com frequência e, o longo do tempo, as pessoas se adaptam e até sentem falta durante o período entre as análises de desempenho, pois precisam desse indicador para saber se estão indo bem.

O feedback do superior deve ocorrer de duas maneiras:

1. De maneira formal, onde o gestor senta com o subordinado para analisar os resultados, as competências e as metas. Deve ser registrado – criar um plano de desenvolvimento individual e já estabelecer as metas dos próximos períodos (semestral ou anual).

2. De maneira informal, onde o gestor precisa entender queixas do tipo “tenho dificuldade” ou “não sou reconhecido pelo que faço”. É saudável e capaz de proporcionar grandes mudanças no desempenho e motivação do colaborador. Para isso, é preciso observar a equipe e analisá-la através de cada um. 

“Os líderes, em geral, não sabem dar feedback. A grande maioria precisa ser capacitada para entender que ele deve ser verídico, específico, relevante e oportuno”, conclui Anderson, professor do curso Gestão de Desempenho e Meritocracia.

Negociador: quatro perfis em busca de um acordo

Você sabe o que é negociar? De acordo com uma das definições trazidas pelo dicionário online Michaelis, negociar é “promover o andamento ou a conclusão de; ajustar, contratar”. Trocando em miúdos, é saber encontrar, em uma situação em que existem posições contrárias, um ponto comum que seja bom para todas as partes; um ponto em que haja resultados positivos para todos os envolvidos no processo.

“O propósito da negociação é sempre a busca de um acordo. Você tem algumas partes que estão em conflito e o desafio do negociador é construir esse acordo”, resume Anderson Oliveira, professor e consultor nas áreas de Pessoas e Estratégia e parceiro da Integração Escola de Negócios. “Negociar não é passar as pessoas para trás, não é ter vantagem em tudo. Negociar é conseguir solucionar impasses”, acrescenta.

Fica fácil, assim, observar que o ato de negociar é uma atividade presente na vida de todo ser humano. Afinal, quem nunca se viu, em família, entre amigos, no trabalho ou no condomínio, diante de uma situação em que foi preciso propor e ouvir propostas? Conquistar e ceder?

Mas é justamente para aqueles que precisam realizar esse acordo profissionalmente que os desafios se mostram ainda maiores. Isso porque, em muitas das negociações realizadas no ambiente corporativo, estão em jogo resultados, metas e até mesmo o futuro de uma empresa.

Negociação: técnica e arte

Para quem o ato de negociar é, além de prática cotidiana, um desafio para a construção e consolidação da carreira, a pergunta que surge é: como garantir êxito?

O professor Anderson Oliveira é taxativo: “Se você domina a técnica, você tem uma imensa vantagem. Mas se você domina a técnica e a arte, fica impecável”.

Oliveira explica que isso acontece porque negociação é jogo (e, como jogo, é técnica) e, ao mesmo tempo, é arte.

“É um jogo porque todo jogo tem jogadores, objetivos e estratégias. Por outro lado, é arte, porque você lida com coisas muito subjetivas, como ressentimento, mágoas, frustrações; negociar exige dramatização e controle emocional”, explica.

E se é possível apontar segredos para garantir sucesso na arte de negociar, um deles, sem dúvida, é saber reconhecer o perfil daquele que “joga” com você, do seu interlocutor. Anderson Oliveira garante: “O melhor negociador independe do perfil. O melhor negociador é aquele que consegue rapidamente se adequar ao perfil do interlocutor”.

Saiba reconhecer cada perfil de negociador

Especialista no assunto, o professor Anderson Oliveira diz que é possível classificar os negociadores em quatro perfis: a) o catalisador e b) o apoiador – estes são os mais voltados para relacionamentos –, e c) o analítico e d) o dominador – mais voltados para a confecção de processos.

Qual a característica principal de cada um deles? O que os motiva?

Conheça a seguir um pouco sobre cada um dos perfis e coloque esses conhecimentos em prática na sua próxima rodada de negociação:

O catalisador

O negociador com este perfil é bastante informal. É aquele que se permite conhecer. Com ele, você pode conversar sobre a família e os seus amigos, por exemplo. Toma suas decisões rapidamente e se sente desconfortável diante de muita burocracia.

“A grande busca de um catalisador é o reconhecimento. É isso que ele quer. É o sujeito que busca o prazer, busca vencer. O elogio ou a possibilidade do elogio são segredos para negociar com um catalisador”, define Oliveira.

O apoiador

Também mais voltado para o relacionamento, o negociador com um perfil apoiador não se importa em dedicar um tempo a mais para conversar sobre assuntos pessoais. É do tipo que considera as pessoas mais importantes do que qualquer trabalho.

Assim como o catalisador, ele não gosta muito de burocracia. A diferença entre os dois está na velocidade em tomar decisões. O catalisador decide em um instante e, por vezes, coloca o emprego em risco por isso. Já as decisões do apoiador são lentas e ele busca sempre a diplomacia com a outra parte.

“É um perfil mais condescendente. Ele espera por ajuda no processo de tomada de decisão. Como é muito sociável, ele tem dificuldade de dizer ‘não’.”, explica o professor. “O apoiador busca a ‘sociabilidade’. Ele quer sua consideração, sua amizade. Se o catalisador busca prazer, o apoiador foge da dor”, acrescenta.

O analítico

É um perfil menos relacional. Não espere que ele pergunte como vai sua família ou como foi o seu fim de semana. Como o nome indica, é bastante ligado a analisar dados e informações e gosta de trabalhar com regras. Está sempre às voltas com planilhas, documentos e contratos.

“É o mais burocrático dos perfis. Ele é um perfeccionista. Para concluir uma negociação ele vai ter que analisar, porque a grande busca de um analítico é a segurança. E, por causa disso, demora para decidir ”, explica Oliveira.

Como negociar com ele? Organize os dados, levante históricos, prepare planilhas e tenha sempre documentos para mostrar. Não deixe faltar informações, porque são elas que fazem com que ele se sinta seguro para chegar a uma decisão.

O dominador

Esqueça convites de happy-hour e nem pense em perguntar onde ele irá passar as férias. Um negociador com perfil dominador tem foco em resultado e na busca de realização. Diferentemente do analítico, porém, toma decisões rapidamente, porque é uma pessoa racional, objetiva e independente.

O professor Anderson Oliveira dá ainda a dica: “A pior estratégia para usar com um dominador é querer conversar sobre assuntos pessoais. Críticas e elogios não funcionam, mas se você descobrir qual é o objetivo dele e mostrar que o que você tem a oferecer irá ajudá-lo a se aproximar disso, o negócio está feito. É geralmente o perfil de quem atinge cargos de diretoria e presidência”.