Diferença entre potencial e desempenho

Por Meg Chiaramelli, head das Escolas de RH, Marketing e Vendas e do Núcleo de Coaching da Integração Escola de Negócios.

Avaliação de desempenho e de potencial são a mesma coisa? Essa é uma pergunta frequente no mundo corporativo e a resposta é não. Desempenho e potencial são assuntos distintos. São como os dois lados de uma moeda, caminham sempre juntos, mas cada um aponta numa direção: um para o passado e o outro para o futuro. 

A avaliação de potencial se interessa essencialmente pelo futuro, pelo que o profissional poderá realizar com o passar do tempo e avançar em termos de desafios. Enquanto isso, a avaliação de desempenho é a observação e a análise dos resultados alcançados por alguém no passado, mesmo que recente, considerando uma meta e um período específicos. Obviamente, o desempenho aponta pistas sobre o potencial. No entanto, como algumas variáveis —  a falta de identificação com a área, por exemplo —, podem interferir no desempenho, os indicadores de potencial ficariam comprometidos se considerássemos somente esse aspecto. 

Empresas que têm suas áreas de RH organizadas, normalmente possuem seus programas de avaliação de desempenho. Por outro lado, considerada um dos mais complexos e delicados processos de recursos humanos, a avaliação de potencial conta com grande simpatia de todos os profissionais da área, mas poucas empresas possuem um programa efetivo e estruturado para colocá-la em prática. 

Um dos obstáculos históricos na utilização desse processo em um grande número de empresas tem sido a utilização de ferramentas muito complexas e caras, que necessitam de especialistas para sua aplicação. A avaliação de potencial não é uma ciência totalmente exata. Ela contém um componente não racional, que exige muita análise e interpretação psicológica dos testes envolvidos.

Desempenho x Potencial

É possível encontrar profissionais que tenham um bom desempenho e baixo potencial, assim como há aqueles com baixo desempenho e alto potencial. Em outras palavras, ao assumir uma nova responsabilidade, um cargo mais alto, por exemplo, a capacidade de desempenho do profissional será novamente testada. Quem tem potencial, normalmente tem uma grande capacidade de aprendizagem e de adaptação a novas situações.

Para se fazer um mapeamento de potencial é preciso considerar, obviamente, o histórico do profissional, que vai desde a escolaridade até uma análise de dados de desempenho nos cargos pelos quais passou. Porém, o que realmente irá impactar em seu prognóstico de potencial é, essencialmente, sua ambição, a facilidade de aprender rapidamente e competências como:

  • Capacidade de análise para estabelecer correlações e enxergar ameaças e oportunidades.
  • Ter visão sistêmica e perspectiva de aquisição de uma visão estratégica para compreender a organização.
  • Pontar com habilidade para entender e conduzir mudanças. 
  • Possuir atitude empreendedora, o que envolve saber lidar com novos paradigmas e oposições.
  • Tispor de energia e dinamismo para investir no trabalho. 
  • Ter capacidade para influenciar pessoas (liderança) e saber lidar com conflitos.

Para conseguir fazer esse mapeamento, normalmente recorre-se à aplicação de testes diversos, dinâmicas de grupo, provas situacionais e entrevistas com o próprio profissional e com suas lideranças, atuais e anteriores. Para o resultado, algumas empresas adotam uma um prognóstico de potencial, espécie de rótulo para especificar em que nível o profissional se encaixa, por exemplo, alto potencial, potencial e não potencial. A recomendação é que esse resultado seja compartilhado com o profissional, pois trata-se de um tema de sua responsabilidade.

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Sorria, você está sendo avaliado

Assessment significa avaliação. É uma metodologia muito utilizada no RH para identificar o potencial dos colaboradores, para saber se eles vão responder às exigências atuais e futuras do cargo ou da carreira.

Segundo Lucimar Delaroli, consultora da Integração, o Assessment ajuda as empresas a mapearem as pessoas certas para determinados desafios. E se destina a qualquer nível da organização. De trainees e técnicos especializados a colaboradores em processo de transição de carreira. “Mas devido ao tempo para aplicação e ao investimento financeiro, é mais utilizado para líderes e pessoas estratégicas para a empresa”, continua Lucimar.  

O Assessment e as várias fases de aplicação

1. Definição de objetivos. É o que se deseja avaliar no processo: quais as competências e desafios, como dimensionar o tempo, qual o investimento de desenvolvimento.

2. Estruturação das “entrevistas comportamentais por competências”. É a ferramenta mais utilizada. E o processo pode ser presencial ou mesmo à distância. Outras ferramentas de mapeamento de perfil psicológico, como o Workplacebigfive, também são eficientes. Uma coisa é certa: quanto mais ferramentas e mais avaliadores envolvidos, melhor a análise.

3. Mapeamento dos motivadores de carreira. São eles que identificam o que é importante em uma determinada tarefa para que o avaliado sinta-se motivado (expectativas de carreira e desafios).

4. Consulta sobre a avaliação de desempenho dos colaboradores. É feito um cruzamento do potencial apresentado com a entrega do colaborador no dia a dia. Trabalhar em parceria com os gestores, subordinados e clientes internos também é recomendado (comitês de avaliação).

Lucimar enfatiza que as entrevistas devolutivas são fundamentais para o processo. “É questão ética que cada avaliado receba um feedback detalhado do seu resultado. Depois, há a devolutiva para o RH e para a alta direção da empresa, que assim recebem relatórios consolidados dos grupos e podem ter uma visão clara e abrangente das suas equipes.”

Dicas de implementação do Assessment

  • Para o profissional: a avaliação ajuda você a enxergar os seus pontos fortes, fragilidades e oportunidades de sucesso. Também incentiva a construção de um plano de desenvolvimento de suas competências. O Assessment é, acima de tudo, um investimento da empresa nos seus colaboradores.
  • Para as empresas: defina primeiro as pessoas estratégicas da organização. Depois, o desenho das competências necessárias e a avaliação de desempenho. Em seguida, selecione quem vai participar do processo, as etapas e as ferramentas. Pronto. Avaliações realizadas, relatórios dos grupos gerados, você já pode dar feedback aos participantes.

*Lucimar Delaroli, consultora da Integração Escola de Negócios, onde ministra o curso de Business Partner: Formação em Consultoria Interna de RHClique aqui e conheça o programa do curso.