Dicas de como conseguir um home office produtivo

Por Fabio Eltz, head das Escolas de Liderança e de Comunicação da Integração 

Já parou para pensar como conseguir um home office produtivo? Essa é uma questão bastante importante, já que há um crescimento constante de pessoas trabalhando em casa no mundo e também no Brasil. Uma pesquisa da SAP Consultoria em Recursos Humanos, realizada em 2018, ouviu 315 empresas de diversos segmentos e de todas as regiões do país e constatou que 45% delas utilizam, em algum grau, o modelo de home office. O índice apontado pela pesquisa representa um crescimento de 22% em relação ao levantamento anterior, de 2016. Ou seja, é um dado significativo.

Com a pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19, o número de pessoas trabalhando em casa aumentou consideravelmente. Claro, nem todas elas devem continuar em home office. No entanto, novas pesquisas pós-pandemia, provavelmente, vão indicar o crescimento dessa modalidade no Brasil e em outros países, já que muitas organizações experimentaram o trabalho remoto pela primeira vez e algumas devem deixar boa parte dos profissionais nesse esquema de home office. O Twitter é uma dessas tantas empresas. Em 12 de maio de 2020, o CEO da famosa rede social, Jack Dorsey, fez um anúncio comunicando que, após o período de isolamento social, os profissionais em cargos que permitam o trabalho remoto terão a chance de optar pelo modelo. 

Nesse cenário, esse e-book nasceu com o intuito de ajudar os profissionais a entender como conseguir um home office produtivo. Isso porque trabalhar em casa exige alguns cuidados. O principal deles é saber como evitar distrações: são as demais pessoas que habitam a casa, a TV, a internet e até a cama convidativa. Neste e-book reunimos algumas dicas para o profissional que trabalha em home office e também para o gestor que precisa liderar uma equipe a distância. Espero ajudá-los a alcançar um home office produtivo! Boa leitura!

A lição da difícil arte de ficar em casa

Por Edson Herrero, head da Escola de Secretariado e do Assessment Center da Integração

Há coisas que descobrimos em momentos nada agradáveis, mas que potencializam outros tantos momentos de prazer e conexão com aquelas pessoas que, de uma maneira ou de outra, escolhemos conviver. Ficar em casa, nesses tempos de coronavírus (covid-19) e muito home office – para aqueles que podem utilizar essa estratégia de trabalho, evidentemente –, tem aberto o flanco da convivência com as pessoas próximas que se tornaram ainda mais próximas.

Ao ficar em casa, passamos a conviver em horário comercial com questões que haviam ficado para trás. Eu sou de uma geração criada com mãe em casa. Os pais eram apenas os provedores, poupados e economizados de toda natureza doméstica. Meu pai, por exemplo, não se envolvia em absolutamente nada – e assim eram os pais dos meus colegas da rua. Quando ele chegava do trabalho, tudo já havia sido resolvido, desde um simples machucado no joelho até o aproveitamento escolar, passando por consultas médicas no pediatra à reunião de escola, brigas de rua etc. Bom ou ruim? Não sei. Esse era, portanto, o modelo e tinha sua eficácia.

Novo modelo domiciliar

Hoje vemos um modelo da dinâmica familiar completamente diferente, em que todos estão fora, inclusive as crianças, que passam o dia na escola. Dessa forma, os encontros são esporádicos e contam com pouca quantidade de horas, geralmente à noite. Como consequência, ocorrem bem menos trocas e percepções sobre os valores e o sentido de viver junto. Se antes, na maioria dos lares, apenas os homens – pais como o meu – ficavam alheios ao que acontecia com a família, agora esse cenário é a realidade de quase todos.

Nesses últimos dias, tenho ouvido depoimentos de várias pessoas sobre como é ficar em casa. Percebo que há um resgate de estar junto das pessoas que escolhemos para viver, mas com as quais não vivemos de fato. Muitas vezes, apenas passamos por elas antes de dormir, durante discussões e conflitos ou para cobrá-las algo que não foi feito.

A nova perspectiva da vida domiciliar – ainda que temporária – poderá resgatar uma importante missão da essência da família. Esse passa pelo exercício permanente da gestão dos relacionamentos, o dar e receber afeto e perceber que o outro existe no grupo. Cada membro da casa não pode ser percebido como um hóspede de um hotel ou flat, mas sim como alguém que deve ter representatividade afetiva e emocional, que é dotado de qualidades e defeitos e precisa de amparo para seguir a vida, além de ser merecedor de algum tipo de legado (moral, afetivo, educacional e até espiritual).

Os ganhos de ficar em casa e resgatar o convívio familiar

Perceber essa realidade no seio da família e apropriar-se dela poderá gerar ganhos incríveis quando retornarmos ao nosso grupo de convivência organizacional. Provavelmente seremos mais conscientes do nosso inequívoco papel de líderes na condução das equipes. Até mesmo aqueles que não exercem nenhuma posição de comando podem se tornar melhores na relação horizontal com pares e clientes internos. 

Já faz algum tempo que construo, nos programas de liderança que conduzo, esse paralelo entre a gestão de filhos (e da família) e a gestão de colaboradores. Sinceramente, não vejo nenhuma diferença em termos de entrega daquelas competências e virtudes humanas vitais para a formação do outro (filhos ou não). Essa lista inclui liderar pelo exemplo, ser assertivo, mas respeitoso com certa doçura, ter boa-fé, gratidão, consistência, verdade, transparência, compaixão etc. Sem tudo isso e outras tantas coisas mais não formaremos ninguém, não haverá compliance que dê conta, não haverá manual nem código de conduta ética suficientes. Então, vamos olhar para esse momento como um exercício de ressignificação pessoal. É tempo de reconexão com os valores intrínsecos de viver em grupo, de protegê-lo, ser protegido e de valorizá-lo em situações não tão dramáticas como o que estamos vivendo.

Talentos emocionados, estressados, lidando com o inesperado

Por Alexandra Olivares De Viana, consultora da Integração

Todos os nossos medos trazem, de alguma forma, sua base na sobrevivência. Aprendemos a ter medo de muitas coisas, e também herdamos boa parte de nossos medos como mecanismo biológico de sobrevivência da espécie. Nosso cérebro foi feito para nos aproximar de situações prazerosas ou recompensadoras, mas sobretudo para nos afastar de qualquer ameaça a nossa vida. Como reagimos, então, quando estamos lidando com o inesperado?

Com tudo o que estamos vivendo, senti necessidade de esboçar três caminhos ou possibilidades factíveis para lidar melhor com o que sentimos hoje, pelos perigos ou medos reais ou imaginários sobre a saúde, a economia e o futuro.

O que diz a ciência

Vou falar brevemente sobre ciência. Percebemos informações do meio ambiente por meio dos cinco sentidos e processamos esses dados no cérebro, atingindo estruturas básicas de sobrevivência como o tálamo e a amígdala.

Essas estruturas subcorticais dão o alarme. O nosso corpo passa por inúmeros e rápidos processos endócrinos e neurológicos para encarar uma situação de perigo ou estresse, como agora, em que estamos lidando com o inesperado. A partir daí estamos prestes a ter três comportamentos básicos: paralisação, luta ou fuga.

Além dessas respostas estereotipadas, algumas pessoas agem até de forma inexplicável. Confesso que, perante situações de medo ou angústia inesperada, ao invés de lutar, fugir ou ficar paralisada, eu começo a dar risada sem parar. Isso significa que nossa mente traz infinitas possibilidades e nem sempre sabemos como vamos reagir ou se conseguimos nos controlar.

Ao vivenciar emoções intensas e situações de estresse elevado, podemos afetar a qualidade de nossos processos cognitivos e emocionais. Estresse é sinônimo de cortisol, e ele é sinônimo de elevado risco de comprometer o sistema imunológico e inibir o nascimento de novos neurônios, os mensageiros do bom senso em nosso cérebro. Então, como os talentos sobrevivem emocionados e estressados, lidando com o inesperado em tempos de Covid-19? Talvez precisemos reconhecer o que estamos sentindo e procurar vivenciar momentos de recarga emocional ou prazer.

1. Liberte os sentimentos

Sentimento é algo íntimo que, ao ser nomeado, se torna uma realidade da linguagem, minimizando a possibilidade de se acumular ou potencializar em nossa mente e virar uma resposta de sobrevivência. Quem não se sentiu aliviado só de chorar ou falar perante uma situação inesperada? Seja o que for que sentimos – medo, tristeza, ansiedade, frustração, raiva –, faz sentido falar para si mesmo ou para alguém de confiança sobre esse sentimento. Acredite, é pela sua saúde mental.

2. Recarregue as energias

Muitos de nós estamos em regime de home office com crianças por perto e oportunidades de curtir as coisas simples que nos fazem “recarregar” as energias. Leia para elas, cante uma música, dance, faça uma comida que gostem, aproveite para ligar e conversar com seus familiares e amigos, inove aquele treino funcional com o apoio da internet. Esses são alguns exemplos e não uma lista exaustiva do que fazer, pois ninguém melhor do que você mesmo para fazer suas escolhas e, assim, sentir prazer ou ter a sensação de recompensa.

3. Priorize as informações

E apenas um desejo, ou cuidado final, que, como pesquisadora, quero apontar: faz-se necessária uma escolha ou priorização das informações para não gerar ainda mais ansiedade ou medo. Por isso se distraia, relaxe, evite aquilo que lhe faz mal.

Momentos como o que estamos vivendo trazem o melhor e o pior do ser humano, os vícios e virtudes. Então, em vez de cair na tentação de arrumar aquele outro drinque, decida fazer o curso online que você sempre quis. 

Texto publicado originalmente no Linkedin da autora.